
Grande vencedor do Festival de Gramado em 2008, Nome Próprio, de Murilo Salles, não é um filme comum. Baseado nos livros Máquina de Pinball (2002) e Vida de Gato (2004), da escritora Clarah Averbuck e roteirizado por Elena Soárez, tem como protagonista Leandra Leal, que também faturou o Kikito de melhor atriz em Gramado.
O filme retrata os anseios de Camila (Leandra Leal), que vai de Brasília a São Paulo, na tentativa de concretizar o sonho de ser escritora. Blogueira compulsiva – numa época em que os diários virtuais não eram tão populares como atualmente – faz questão de postar no blog tudo o que acontece em sua vida, desde coisas banais até as mais íntimas que, teoricamente, não interessariam a ninguém.
Já na primeira cena o espectador saberá se vai ou não gostar do filme. Camila está nua, chorando, enquanto seu namorado Felipe (Juliano Cazarré) tenta expulsá-la da casa onde moram. Traído, a xinga de todos os palavrões possíveis e ainda desfere um tapa no rosto da garota que, ofendida, revida. Ela sai de casa com seus discos preferidos, poucas roupas e seu computador, que faz questão de instalar assim que chega ao apartamento de um amigo, para ‘blogar’ sobre o fim do relacionamento.
O que Camila não imaginava era que faria tanto sucesso, a ponto de atrair leitores de todo o Brasil. Estes leitores passam a encaminhar e-mails apoiando e/ou criticando a blogueira, por seu comportamento pretensamente “libertário”, quando afirma publicamente, por exemplo, que faria sexo com o primeiro homem que aparecesse em sua frente ou então que queria beber sozinha num bar. E é desse modo que as tramas se sucedem, emaranhadas a situações inesperadas, como a perda do apartamento, a mudança para outra cidade e os vários homens com que se relaciona.
Nome Próprio foi filmado com câmeras digitais e um orçamento de apenas R$ 1,2 milhão. As tomadas, captadas em São Paulo e Rio de Janeiro foram, em sua maioria, realizadas em apartamentos, ruas e bares reais, no intuito de economizar com locações. Outra estratégia bastante eficiente foi a de divulgação, quase que inteiramente pela internet. Além do blog criado exclusivamente para o filme (http://nomepropriofilme.blogspot.com), foram organizadas várias pré-estréias exclusivas para blogueiros e leitores do blog, além de uma exibição fechada só para usuários da rede social virtual Myspace e e-mails do próprio diretor, criticando o modelo de distribuição cinematográfica e incentivando o público a assistir ao seu filme.
A tentativa de atingir o público que usa a internet funcionou. Em dezenas de blogs foram postadas informações sobre o filme, mas muitas críticas foram negativas. Alguns protestaram dizendo que o filme nada teria a ver com o universo de um verdadeiro blogueiro, alegando que as situações retratadas ali não passariam de versões deformadas de uma garota mimada. Ou ainda, porque um dos personagens, o Guilherme, interpretado por David Katz (indicado ao prêmio de melhor ator em Gramado) seria um clichê extremista de um nerd, o que poderia criar uma imagem distorcida dos blogueiros.
O ponto forte do filme é a atuação de Leandra Leal. Desprendida de qualquer estereótipo que sua participação em novelas pode causar, a atriz convence com seu jeito simultaneamente de menina revoltada e de mulher independente e bem resolvida. Tecnicamente impecável, parece que a personagem foi escrita exclusivamente para ela. O texto pode não ter sido exclusivo, mas a própria autora dos livros em que o filme é baseado, Clarah Averbuck, afirma que a escolha do diretor não poderia ter sido melhor.
Apesar do roteiro ser baseado em seus livros, Clarah (que é fã de Charles Buckowski, John Fante e do brasileiro Paulo Leminski), faz questão de esclarecer que o filme não retrata sua vida, assim como seus livros também não. O próprio diretor também explicou algumas vezes que os textos da escritora serviram apenas como base para o filme, mas há também trechos de outros blogs e da filósofa Viviane Mosé, notadamente, aqueles que ocupam a tela enquanto Camila digita em seu blog.
Transitando entre literatura ficcional, poesia e vida real o filme segue em ritmo acelerado, apesar das várias cenas em que o silêncio se faz necessário. O roteiro colabora para dar à obra um tom cinematográfico cuja narrativa é a da desconstrução, em que pouco importa a ordem dos acontecimentos, tornando algumas cenas atemporais. Fugindo da antiga tendência do cinema brasileiro em mostrar seus morros ocupados por traficantes, ou de intermináveis extensões de novelas televisivas, Nome Próprio é uma viagem ao interior da personagem Camila, que só quer viver intensamente suas paixões, sobretudo pela literatura e por si mesma.
O filme retrata os anseios de Camila (Leandra Leal), que vai de Brasília a São Paulo, na tentativa de concretizar o sonho de ser escritora. Blogueira compulsiva – numa época em que os diários virtuais não eram tão populares como atualmente – faz questão de postar no blog tudo o que acontece em sua vida, desde coisas banais até as mais íntimas que, teoricamente, não interessariam a ninguém.
Já na primeira cena o espectador saberá se vai ou não gostar do filme. Camila está nua, chorando, enquanto seu namorado Felipe (Juliano Cazarré) tenta expulsá-la da casa onde moram. Traído, a xinga de todos os palavrões possíveis e ainda desfere um tapa no rosto da garota que, ofendida, revida. Ela sai de casa com seus discos preferidos, poucas roupas e seu computador, que faz questão de instalar assim que chega ao apartamento de um amigo, para ‘blogar’ sobre o fim do relacionamento.
O que Camila não imaginava era que faria tanto sucesso, a ponto de atrair leitores de todo o Brasil. Estes leitores passam a encaminhar e-mails apoiando e/ou criticando a blogueira, por seu comportamento pretensamente “libertário”, quando afirma publicamente, por exemplo, que faria sexo com o primeiro homem que aparecesse em sua frente ou então que queria beber sozinha num bar. E é desse modo que as tramas se sucedem, emaranhadas a situações inesperadas, como a perda do apartamento, a mudança para outra cidade e os vários homens com que se relaciona.
Nome Próprio foi filmado com câmeras digitais e um orçamento de apenas R$ 1,2 milhão. As tomadas, captadas em São Paulo e Rio de Janeiro foram, em sua maioria, realizadas em apartamentos, ruas e bares reais, no intuito de economizar com locações. Outra estratégia bastante eficiente foi a de divulgação, quase que inteiramente pela internet. Além do blog criado exclusivamente para o filme (http://nomepropriofilme.blogspot.com), foram organizadas várias pré-estréias exclusivas para blogueiros e leitores do blog, além de uma exibição fechada só para usuários da rede social virtual Myspace e e-mails do próprio diretor, criticando o modelo de distribuição cinematográfica e incentivando o público a assistir ao seu filme.
A tentativa de atingir o público que usa a internet funcionou. Em dezenas de blogs foram postadas informações sobre o filme, mas muitas críticas foram negativas. Alguns protestaram dizendo que o filme nada teria a ver com o universo de um verdadeiro blogueiro, alegando que as situações retratadas ali não passariam de versões deformadas de uma garota mimada. Ou ainda, porque um dos personagens, o Guilherme, interpretado por David Katz (indicado ao prêmio de melhor ator em Gramado) seria um clichê extremista de um nerd, o que poderia criar uma imagem distorcida dos blogueiros.
O ponto forte do filme é a atuação de Leandra Leal. Desprendida de qualquer estereótipo que sua participação em novelas pode causar, a atriz convence com seu jeito simultaneamente de menina revoltada e de mulher independente e bem resolvida. Tecnicamente impecável, parece que a personagem foi escrita exclusivamente para ela. O texto pode não ter sido exclusivo, mas a própria autora dos livros em que o filme é baseado, Clarah Averbuck, afirma que a escolha do diretor não poderia ter sido melhor.
Apesar do roteiro ser baseado em seus livros, Clarah (que é fã de Charles Buckowski, John Fante e do brasileiro Paulo Leminski), faz questão de esclarecer que o filme não retrata sua vida, assim como seus livros também não. O próprio diretor também explicou algumas vezes que os textos da escritora serviram apenas como base para o filme, mas há também trechos de outros blogs e da filósofa Viviane Mosé, notadamente, aqueles que ocupam a tela enquanto Camila digita em seu blog.
Transitando entre literatura ficcional, poesia e vida real o filme segue em ritmo acelerado, apesar das várias cenas em que o silêncio se faz necessário. O roteiro colabora para dar à obra um tom cinematográfico cuja narrativa é a da desconstrução, em que pouco importa a ordem dos acontecimentos, tornando algumas cenas atemporais. Fugindo da antiga tendência do cinema brasileiro em mostrar seus morros ocupados por traficantes, ou de intermináveis extensões de novelas televisivas, Nome Próprio é uma viagem ao interior da personagem Camila, que só quer viver intensamente suas paixões, sobretudo pela literatura e por si mesma.
Nome Próprio. BRASIL - 2007/2008. Direção: Murilo Salles. Elenco: Leandra Leal, Frank Borges, Luciano Bortoluzzi, Luciana Brites, Juliano Cazarré, David Katz, Milhem Cortaz, Alex Disdier, Reginaldo Faidi, Fábio Frood, Ricardo Galli, Ricardo Garcia, Rosane Holland. Duração: 120 min.
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