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quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

lulina e o último post do ano



maria gadu
? NÃO, obrigado. eu quero lulina como minha cantora-musa pra este fim/começo de ano. infelizmente, quase todos os vídeos dela cantando são muito ruins, mas abaixo tem uma entrevista feita pro don´t touch my moleskine que tá bem legal. pra ouvir as músicas você pode baixá-las aqui, ou acessar o myspace aqui. aí depois você compra o disco por 13 reais e fica apaixonado como eu estou, ok? e com uma de suas músicas, bosta nova, eu escrevo o último post deste blog. té mais.
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BOSTA NOVA

O ano acabou
Mas eu não acabei
Quem sabe na contagem regressiva
Eu exploda também

O ano acabou
Vamos todos se abraçar
Na ilusão de que dias melhores virão
Dias melhores virão

13, 12, 11, 10, 9, 8, 7, 6, 5, 4, 3, 2, 1

Vou explodir de tanta alegria
Vou explodir de tanta hipocrisia
Vou me embebedar com Veuve Clicquot
Vou usar calcinha rosa
Pra encontrar o amor
Vou me embriagar com Cidra Cereser
Vou tirar as passas do arroz
E venha o que vier

O ano acabou
E ainda tem Faustão
A contagem regressiva
na televisão
Televisão

13, 12, 11, 10, 9, 8, 7, 6, 5, 4, 3, 2, 1

Vou explodir de tanta alegria
Vou explodir de tanta hipocrisia
Vou me embebedar com Veuve Clicquot
Vou usar calcinha rosa
Pra encontrar o amor
Vou me embriagar com Cidra Cereser
Vou tirar as passas do arroz
E venha o que vier

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domingo, 13 de dezembro de 2009

e esse ano que não termina nunca

assim como esta noite, o ano de 2009 parece não querer acabar. sabe quando você tem plena certeza que já fez tudo que tinha que fazer durante o ano? sabe quando tudo já foi dito, sofrido, viajado, chorado, rido, vivido? sabe quando o livro está no último capítulo, o filme já está pra acabar e na novela já aconteceu tudo e só faltam os casamentos da última cena? então. é mais ou menos isso, só que sem os casamentos, claro.

2009 já deu o que tinha que dar (e o que tirar). sinto que me arrasto pra janeiro com esperança que nunca tive - e fé de que agora as coisas vão andar. enquanto isso, vivo estes últimos minutos do ano como se estivesse assistindo a um show que está prestes a terminar.

mas desta vez não quero bis.

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sábado, 5 de dezembro de 2009

atiraram no dramaturgo


esta madrugada alguns imbecis entraram no espaço parlapatões a atiraram no mário bortolotto e no ator carlos carah. um amigo que é amigo dele me disse que já foi operado e está na UTI pós-operatória. eu amo tudo que vi do mário e espero que ele saia dessa pra eu continuar amando.

o mário tem um blog chamado atire no dramaturgo.
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quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

sobre os últimos filmes nacionais

daí que nos últimos dias pude ver muitos filmes que queria assistir no cinema, mas destaco estes nacionais. uma estreia (hotel atlântico) e três pre-estreias (o amor segundo b. schiamberg, natimorto e ouro negro) que entram em circuito por estes dias. abaixo, trailler e comentários preguiçosos e vagabundos. vale a pena assistir a todos, eu acho.

hotel atlântico (suzana amaral)
lembram de cão sem dono? então. lá o julio andrade era um tradutor desempregado, sem perspectiva, solitário e tal. aqui ele é um ator desempregado, sem perspectiva, solitário e tal, que decide viajar sem destino. e nessa pseudo road trip vai encontrando as personagens que dão o tom pro filme, como gero camilo, joão miguel, mariana ximenes e lorena lobato, entre outros.

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o amor segundo b. schiamberg (beto brant)
o filme mostra a convivência entre uma videoartista (mariana previato) e um ator (gustavo machado) num apê em são paulo. eu gosto dos diálogos sobre as coisas mais banais do mundo, das cenas de silêncio, das imagens na cama, das simulações de um bocejo e das teorias sobre o amor do tal b. schiamberg, que na verdade é um personagem do livro (que estou lendo e completamente apaixonado por) eu receberia as piores noticias dos seus lindos lábios, de marçal aquino.

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natimorto (paulo machline)
ótimo, de verdade. baseado no livro de mesmo nome (cujo autor é também o protagonista do filme, lourenço mutarelli), mostra alguns dias na vida de um homem que propõe à uma amiga cantora morar com ele num hotel durante seis anos. ele fuma um maço de cigarro por dia associa as imagens de combate ao fumo (aquelas horríveis atrás do maço) às imagens de tarot, prevendo assim seu futuro.

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ouro negro (isa albuquerque)
inspirado em fatos reais, conta a 'saga' dos descobridores do petróleo no brasil. quer ser um filme sério no começo, mas acaba virando novela. todo mundo se ferra o filme todo e no fim, os personagens principais conseguem tudo que querem. vale a pena pra conhecer um pouco da história do petroleo, mas como disse a diretora minutos antes da sessão começar "o fato do filme ser lançado em época de pré-sal é mera coincidência..." surpreendente atuação de thiago fragoso e luiza curvo.

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segunda-feira, 30 de novembro de 2009

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

os 154 melhores da década

um beijo pra você que não gosta de listas. eu gosto. e esta é a minha prévia dos melhores - categoria música - da década, não necessariamente nesta mesma ordem. e não, não são os que surgiram nesta época. são os que eu mais gostei de ouvir, cantar, ir aos shows ou apenas dançar com os ombros sentado lá na firma, cá em casa e naishs pishtas do brazil. fica com deus. fui!

Caetano Veloso
The Strokes
Radiohead
Los Hermanos
Amy Winehouse
Maria Bethânia
Dirty Projectors
Cidadão Instigado
Andrew Bird
Micachu
Chico Buarque
The Velvet Underground
Lily Allen
Kleber Albuquerque
Awesome New Republic
The Ting Tings
Sonic Youth
La Roux
Au Revoir Simone
fun.
Chet Baker
Cibelle
Björk
Arctic Monkeys
Novos Baianos
Nina Simone
Kings of Leon
Devendra Banhart
of Montreal
Monsters of Folk
Adriana Calcanhotto
David Bowie
Alex Beaupain
Zero 7
Girls
Mundo Livre S/A
Hillsong United
Death Cab for Cutie
Tegan and Sara
Manic Street Preachers
Franz Ferdinand
Atlas Sound
Bebel Gilberto
Julian Casablancas
Forro In The Dark
Wilco
Wado
Peter Bjorn and John
Celso Sim
Brazilian Girls
The Dead Weather
Friendly Fires
Dionne Bromfield
Uninhabitable Mansions
Comadre Fulozinha
Mika
Mickey Gang
The Raveonettes
Marcelo Camelo
Iara Rennó
Gero Camilo
Roberto Carlos e Caetano Veloso
Yeah Yeah Yeahs
Paulinho da Viola
Quinteto em Branco e Preto
Vineyard Brasil
Rómulo Fróes
Siba
Tiê
Chico César
Ronei Jorge e os Ladrões de Bicicleta
The Dø
João Donato
Rubi
The Gossip
Matisyahu
Sigur Rós
Friska Viljor
Gomez
Fabiana Cozza
Johnny Alf
Kaiser Chiefs
Little Joy
Ludov
Edu Lobo & Chico Buarque
Beirut
Yelle
MGMT
Marisa Monte
Mombojó
Devendra Banhart
Bob Dylan
Babyshambles
Cansei de Ser Sexy
Cat Power
Klaxons
Jon Brion
Aretha Franklin
Teresa Cristina
The Smiths
Nara Leão
Gilberto Gil
Diogo Nogueira
Fiona Apple
Banda de Pífanos de Caruaru
Nação Zumbi
Peter Bjorn and John
The Killers
Arnaldo Antunes
Elis Regina
Móveis Coloniais de Acaju
John Frusciante
Adele
João Gilberto
Black Kids
Zeca Baleiro
Goldfrapp
Queens of the Stone Age
Serge Gainsbourg
Morrissey
Joni Mitchell
Ella Fitzgerald
Portishead
Cathy Davey
Buena Vista Social Club
Rosa Passos
Os Mutantes
Mart'nália
Hello Saferide
Orquestra Imperial
Arrigo Barnabé
Lucas Souza
Talking Heads
Moinho
CéU
Renato Braz
Clara Nunes
Primal Scream
Carla Bruni
Secos & Molhados
Vanessa da Mata
Gogol Bordello
TV on the Radio
The Legendary Tiger Man
Filipe Catto
Luiz Tati
Oasis
Zé Miguel Wisnik
Domenico+2
Ceumar
3naMassa
Art Brut
Vampire Weekend
Atitude

e só
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terça-feira, 24 de novembro de 2009

apesar de tudo, preguiça


era pra ser um gif durante uma viagem de ônibus de pinheiros sentido paulista, mas não rolou. use sua imaginação.

sempre achei muito #fail quem desiste do blog e faz aquele post de despedida. pra mim, quem faz isso quer confete. tipo, quem quer se matar, atira na cabeça, não fica ameaçando se jogar da janela do apartamento do primeiro andar, certo? mas eu não vou matar o blog, nem dar um tempo.

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vi coco antes de chanel. é legal ver um filme que acaba quando começa. na verdade acaba quando começa o que a gente acha que deveria começar, ou seja, o que a gente conhece - neste caso, a história desta estilista.

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um dia depois vi 500 dias com ela. gostei demais... nem tanto pelas referências indie-pop, mas por identificação mesmo. ora com o personagem homem, ora com a mulher. enfim.

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um dia antes vi 6 curtas brasileiros no festival mix brasil. dois depressivos. dois engraçados. dois bons.

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café girondino, chuva e uma são paulo tão mais são paulo que nos outros dias. de repente eu não me sinto sufocado nesta cidade e sim abrigado.

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dia da consciência negra. pra quê?

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novidades por vir.

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sorrisos novos. festas novas. amigos novos. e a velha vontade de fugir de tudo.

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por um 2010 que promete.

amém.
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quarta-feira, 18 de novembro de 2009

festival planeta terra #2009


eu, todo trabalhado na pseudagem

vivi, nara, pvetc, rubinhovitti, mariana_pseuda e celina (sem cabeça) não necessariamente nesta mesma ordem

can´t read my poker face? (@pvetc, @rubinhovitti, @mariana_pseuda)

no canto de cá, um intruso. no meio, celina. no canto de lá, @anaprado e @delira

o festival planeta terra aconteceu no dia 7 de novembro, mas só agora deu vontade de escrever sobre ele, então vamos lá pro resumo do resumo do resumo.

diferentemente das outras duas edições, realizadas na vila dos galpões, este foi no playcenter. ótima mudança! primeiro porque é próximo ao metrô e depois porque o público tinha a opção de 'brincar' no intervalo entre um show e outro ou mesmo durante as apresentações.

não teve fila pra entrar, nem pra sair e os preços de comidas e bebidas não estavam assim tão altos. apresentações pontualíssimas, como de costume e coca-cola zero grátis pra galere o/

sobre as atrações que vi:

móveis coloniais de acaju
amo essa banda que quase todos os meus amigos odeiam. eles cantam bem, tocam bem, tem letras ótimas e ainda ganham a simpatia do público já nos primeiros minutos de apresentação. a última música, por exemplo (copacabana) eles tocaram lá embaixo no meio do povo...

copacabana club
minha primeira impressão era ruim, pelos videos que tinha visto e pelo disco baixado da internet. tanto que quando eles começaram a tocar eu estava indo pela segunda vez ao looping e na subida da montanha russa é que senti vontade de acompanhar o show... valeu a pena.

primal scream
não é das minhas bandas favoritas, mas gosto do humor e de todo aquele lance eletrônico no rock do grupo. bom.

sonic youth
a melhor banda, o melhor show, o melhor tudo. e olha que nem sou fã, apesar de ter ido praticamente só pra vê-los. kim gordon loucona rodopiando no palco me deixou em transe. apesar de tocarem muitas músicas do disco recente - que não gosto, the eternal, a apresentação foi marcante. de chorar, sem brincadeira.

(vovô) iggy pop & the stooges
o gosto, mas senti que era meio que uma obrigação ver pelo menos um trecho do cara que é a personificação do indierock e influência mundial no estilo. todos que estavam comigo SÓ queriam vê-lo, mas depois de conferir as duas primeiras músicas (missão cumprida!) fugi pro outro palco pra acompanhar os...

ting tings
pois é. eu precisava ver a primeira apresentação deste duo no brasil. por terem apenas um disco lançado (we started nothing, 2008) o show foi curtíssimo e muito bom. a maioria das críticas apontaram que os hits só funcionam nas pistas, mas discordo. eles não são djs, oras, são uma banda...

depois ainda fiquei ouvindo os sets alive do etienne de crécy (impressionante) e do anthony rother (totalmente dispensável). como sempre rolam os arrependimentos de não ter visto alguma coisa (mal de todo festival) e desta vez só lamento não ter visto metronomy...

postei alguns videos nos posts abaixo, mas caso queira ver fotos, artigos, resenhas e críticas você encontra no site do festival, mas recomendo com força os textos do move that jukebox.

(é preciso registrar o encontro com as tops michele ferraresso e joana fry e outros colegas com quem esbarrei pelo caminho e agradecimento especial à futura atriz de malhação didi souza, que gentilmente cedeu seu ingresso...)
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domingo, 15 de novembro de 2009

domingo

do disco TUA, recém-lançado por maria.

domingo

Composição: Roque Ferreira

Veja, meu bem
Que hoje é domingo
Domingo eu não choro
Domingo eu não sofro
Domingo eu sou de paz
E alegria
Tristeza, hoje eu não estou
Saudade, volte outro dia
Domingo eu não sou boa
Companhia

Se o amor quer me deixar
Me deixe num domingo
Eu não vou reclamar
E posso até achar
Que ficar só é lindo

Domingo a minha vida é o circo
Eu sou a trapezista
Alguém avise à dor
Que não insista

Tristeza, hoje eu não estou
Saudade, volte outro dia
Domingo eu não sou boa
Companhia

Se o amor quer me deixar
Me deixe num domingo
Eu não vou reclamar
E posso até achar
Que ficar só é lindo

Domingo a minha vida é o circo
Eu sou a trapezista
Alguém avise à dor
Que não insista.

a verdade nua e crua


daí você quer abstrair e ver um filme bobo. pede indicação. recebe indicação. e o melhor: não tem como reclamar, pois este A VERDADE NUA E CRUA, tem tudo pra ser um péssimo filme para passar tempo. não. na verdade é um ótimo filme pra passar tempo. e só. tem todos os clichês de uma comédia romântica e nada mais que isso. desde a (loira) bonitona que arruma confusão com o bonitão (de olho claro) e no fim fica com ele, lógico.

ela é produtora de tv (Katherine Heigl), que precisa emplacar a audiência. ele, o apresentador engraçadinho e machista (Gerard Butler). ambos trabalham em programa de relacionamentos, se atacam o tempo todo e terminam se beijando. viu? é isso.

ok, admito que ri umas três vezes, não mais que isso. e até acho bonito este tipo de filme porque curto histórias de relacionamentos. afinal, não é isso que todo mundo quer? uma relação feliz....
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quinta-feira, 12 de novembro de 2009

pra salvar a noite

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daí a gente quer se distrair e vai numa festa qualquer. bebe coca zero demais, se perde dos amigos, encontra outros. por uma certa convicção, deixa de fazer o que poderia ter feito, mas tudo segue numa boa. aí você quer embora e botam essa música pra tocar. não apenas você, mas todos que estavam prestes a sair, voltam. é a força dos backstreet boys e a influência do pop anos 90. sem mais.




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abraço a todos os envolvidos.
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quinta-feira, 29 de outubro de 2009

o plano mudou

o wonkavision é uma banda de powerpop (oi?) de porto alegre e conheci em 2004. não, não é porque eu sou mais hype que você!, mas porque o john (pato fu) produziu o disco deles e eu acompanhava tudo que o pato fu fazia. acho que eles só têm um disco e nem sei se a banda ainda existe, mas o que quero dizer é que eu estava neste show no centro cultural são paulo e lembro bem dele, inclusive do bolo que levei. daí eu tava lembrando de outras coisas e pensando na letra da música também. apesar de não ter chegado à nenhuma conclusão, tenho que concordar que, sim, o plano mudou.


Não agüento mais trabalhar aqui
Passo o dia contando as horas pra sair
Às vezes penso que meu cérebro parou

Vou pular janela afora
Vou cortar meu pulso agora
Seja o que Deus planejou
O plano mudou

Vou adquirir uma UZI para mim
(Que tal comprar um rifle, só pra desabafar?)
Vou treinar tiro ao alvo no shopping
(Entrar num shopping center mirar e disparar)
Às vezes penso que meu coração secou

Vou tomar veneno puro
Me enforcar num quarto escuro
Seja o que Deus planejou
O plano mudou

Meu computador me fala
Que eu devo partir
Fazer o que meu coração pedir
Devo sim
Seguir o que meu coração sentir

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sábado, 24 de outubro de 2009

o amor chegou pelo correio

faz duas horas que o carteiro passou aqui e deixou o disco 'só o amor constrói', mais recente do kleber albuquerque, autografado, diga-se de passagem. ganhei por ter participado da entrevista dele na rádio cultura, enfim, ouvi o disco inteiro quase três vezes, ainda pouco pra fazer qualquer tipo de crítica, mas já adianto: é muito bom.

com participações especias do escritor andré santana, renato braz, fred martins, olívio filho e várias parcerias nas composições, foi gravado com a miniorkestra de polkapunk e traz músicas já conhecidas de quem frequenta os shows.

aqui, uma amostra de uma das 15 faixas, por um triz.
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meu bem,
o que será que a gente tem, hein?
será que o seu amor morreu, meu
será que só sobrou um réu: eu
será que a paixão virou pó? pô!
se era pra eu ficar só: sou

o triste é que pra ser feliz
foi por um triz
foi por um triz
foi por um triz

meu bem
se quer saber se me pegou, ô
se quer saber se machucou, ó
em tudo que é lugar tem dor, tem dó
por que é que a gente não se entende? entende
do que é que a alegria se esconde? onde?

o triste é que pra ser feliz
foi por um triz
foi por um triz
foi por um triz
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sexta-feira, 23 de outubro de 2009

a resposta pra tudo está aqui


a tela branca no editor de texto prenuncia a aurea plena da superfície transcedente na esfera amalgamada do infinito. 1,2,3, 758, 1589, 2222. paro, penso e sigo pela estrada semi-árida - quase inóspita - e ríspida das falácias em que se encontra a resplandecente ira algébrica dos renascentistas mostrando aquilo que não me é, se é que um dia já me foi. neste momento encontro meu próprio eu de mim mesmo - enquanto um espiral retangular me envolve como um magnífico nêutron em frente ao espelho reluzente de cetim, aço e cobre. é então que percebo a teoria cosmológica das cores, formas e calendários. é então que ouço o meu eu, não-eu, não, eu-não eu e me pergunto: oi?
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quarta-feira, 21 de outubro de 2009

girls - laura

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no começo éramos amigos, agora quando passo por você, finjo não te ver pois sei que você me odeia. tentei ser forte, tentei parecer equilibrado, eu não quero ser assim e espero que me ouça pois tudo que quero dizer é:

me dá a mão e toque em mim, estou aqui. não quero brigar nunca mais, eu quero mesmo é ser seu amigo pra sempre, até o fim. eu sei que errei pra caramba, mas estou te pedindo um tempo porque quero mesmo ser seu amigo pra sempre, pra sempre.

você foi uma vaca sem-vergonha e eu um manezão, mas nem vou te julgar, apenas não gosto disso, nem quero fazer isso. o que posso fazer? (o que eu deveria fazer?) será que é muito tarde? (oh, oh, oh, oh) só quero pedir desculpas e espero que você me ouça pois tudo que quero dizer é...

[livre tradução minha de laura, música do primeiro álbum do GIRLS, de setembro deste ano, que segue na onda hype de juntar músicos e montar um projeto, não uma banda.]
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terça-feira, 20 de outubro de 2009

amantes

vi ontem two lovers. joaquin phoenix, gwyneth paltrow e vinessa shaw dão show. roteiro maomeno, trilha boa, foto ok, filme bom.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

sobre tipos e ciúmes


estes dias falávamos sobre tipos. tipos são padrões estabelecidos por você, no decorrer dos anos, para designar pessoas que te interessam, chamam tua atenção por algum motivo especial e que você quer, digamos, ter algo a mais com tal pessoa. certo alguém me disse que não tem tipo, tem pressa. outra pessoa me disse que só está sozinha porque é muito exigente e ainda não encontrou ninguém que seja seu tipo.

eu não falo nada pois de nada sei, mas um tal marcel proust escreveu isso sobre os 'tipos'...

"não sendo nosso tipo, deixamo-nos amar sem amarmos, e assim nos escravizamos a um hábito que não se estabeleceria com pessoa alguma do nosso tipo, que aliás, raramente é perigosa, pois, ou nos repele, ou logo nos contenta e nos deixa, não se instala em nossa vida, e o risco e a fonte dos males não é a pessoa, é o hábito"

ciúme é quando você não gosta quando desdenham o que é seu e fica com um sentimento muito ruim. exemplo: você tem um namorado. seu namorado tem blog. alguém comenta no blog do seu namorado. você sente ciúme. seu namorado percebe e começa a dar trela porque adora provocar. você cede à provocação e briga. ele fala que é piração sua. você não acredita e briga. ele te trai, afinal você vai brigar e sentir ciúmes quer ele traia ou não. você acaba acreditando nele e volta a ficar numa boa. ele vai falar que você é possessiva(o), mas no fundo gosta que você sinta ciúmes...

eu não falo nada pois de nada sei, mas um tal marcel proust escreveu isso sobre os 'ciúme'...

"uma vez descoberto, o ciúme passa a ser considerado por aquele que é objeto dele como uma desconfiança que autoriza a enganar"

portanto, eu que não falo nada pois de nada sei, faço minhas as palavras do meu amigo proust.
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quinta-feira, 15 de outubro de 2009

dirty projectors em são paulo


ok, milhares de festivais em são paulo nestes últimos três meses. planeta terra, maquinaria, indie festival, about us... e tudo com artistas ótimos (sting, faith no more, ting tings, YYY´s, sonic youth, iggy pop, primal scream - só pra citar os da gringa). todavia, porém ,entretanto, a banda que mais quero ver é dirty projectors, que toca dia 02 de dezembro na clash, em sp.

este video aí é do álbum mais recente bitte orca, sensacional. a banda se formou em 2002 pelo dave longstreth e participa de alguns shows da BJORK. ah, pra quem gosta de rótulos, o som deles é uma coisa meio rock experimental, eletro, indie ou coisa do tipo (apesar deste clip parecer ter sido inspirado em TLC, justin, beyoncé....)


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bastardos inglórios

bastardos inglórios, novo filme do tarantino é, digamos, um filme do tarantino, ou seja, assassinatos, sangue jorrando na tela do cinema, divisão de capítulos, roteiro claro, diálogos certeiros, humor ácido, cenas que ficam pra sempre na memória, trilha sonora perfeita, repito, perfeita, e a descoberta (pra mim) de um ator fantástico, o austríaco christoph waltz. sem mais.


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trilha sonora do filme bastardos inglórios:

1. Nick Perito - The Green Leaves Of Summer
2. Ennio Morricone - The Verdict / Dopo La Condanna
3. Charles Bernstein - White Lightning
4. Billy Preston - Slaughter
5. Ennio Morricone - The Surrender
6. The Film Studio Orchestra - One Silver Dollar
7. Zarah Leander - Davon Geht Die Welt Nicht Unter
8. Samantha Shelton and Michael Andrew - The Man With The Big Sombrero
9. Lilian Harvey & Willy Fritsch - Ich Wollt Ich Waer Ein Huhn
10. Jacques Loussier - Main Theme From Dark Of The Sun
11. David Bowie - Cat People / Putting Out Fire
12. Lalo Schifrin - Tiger Tank
13. Ennio Morricone - Un Amico
14. Ennio Morricone - Rabbia E Tarantella
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quarta-feira, 7 de outubro de 2009

alguma hora todo mundo tem que aprender

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amanhã eu vou acordar atrasado e com dor de cabeça por causa da noite mal dormida que terei hoje. vão bater no meu carro e eu ficarei bravo, bravo, muito bravo e vou trabalhar de trem. aí, em vez de ir pro trabalho, eu vou pra uma praia e lá vou conhecer uma pessoa de cabelo azul que vai mudar a minha vida.

e assim que ela mudar a minha vida eu vou fazer de tudo pra esquecê-la.

mas não vou conseguir.
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segunda-feira, 5 de outubro de 2009

pavio culto

pavio culto será minha prateleira, onde vou guardar livros, discos, filmes, fotos, etc.

ali vou empilhar meus achados e perdidos, coisas novas, velhas, lembranças, raiva, o amor, o stress, o ódio, as imagens. é lá que deixarei, sem muitas palavras, um pouco de mim.

é que sei lá, com o tempo muita coisa vai embora.
e o pavio culto é um blog de coisas que ficam.


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quarta-feira, 30 de setembro de 2009

julian casablancas



"don’t be sad, wont ever happen like this anymore
so when’s it coming? this life is great movement that I can enjoy
your warning here. Your faith has got to be greater than your fear"
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monsters of folk

monsters of folk: conor oberst e mike mogis (bright eyes), m. ward e jim james (my morning jacket).



"dear god, I'm trying hard to reach you
dear god, I see your face in all I do
sometimes it’s so hard to believe in
good god I know you have your reasons"
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terça-feira, 29 de setembro de 2009

i´m fine [between the lines]


_ mano, tá muito frio aqui, tipo muito. eu nunca vi nada igual. vamos todos sair voando.
_ tipo aquele filme da década de 50?
_ super!

***

_ ligo ou não?
_ não.
_ tou pensando em ligar. sou uma besta mesmo.
_ ...
_ me bate?
_ pow!

***

_ me manda uma vaquinha da farmville?
_ mando, mas vaquinhas só servem pra enfeitar, não dão lucro.
_ mas eu me identifico. ahahaha.

***

_ pensei que você não ia lembrar de mim. bebeu tanto!
_ e tem como esquecer aquela pegada?
_ depois de tanto álcool no sangue, sei lá.
_ não. NÃO tem cachaça que apague.

***

_ nossa, você tem o dom de me irritar, né.
_ eu? olha, faz assim... sabe aquela música da lily allen?
_ qual?

***

_ pensei em vc o dia todo hoje.
_ ah, mentira.
_ sério. às vezes soltava um sorriso no ar. e o povo todo perguntando o que eu tinha.
_ e você dizia o quê?
_ que tava longe, longe.
_ então a gente tava junto porque eu também tava longe.

***
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sábado, 26 de setembro de 2009

hoje é dia de ARTHUR



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sim, o ARTHUR nasceu.

26/09/2009

12h

48cm

3.110 kg

arthur,

eita que depois de tanto tempo te esperando (pelo menos 9 meses), você nasceu, meu sobrinho. incrível, né? ontem mesmo, enquanto sua vó fazia pizzas em sua homenagem, eu toquei a barriga de sua mãe e você estava tão protegido. e olhe que tava um frio. daí hoje, lá no hospital eis que você me aparece no colo daquela moça de branco, berrando feito sei lá o quê e eu do outro lado de vidro chorando, chorando. eu e sua tia fomos os primeiros a te ver (depois dos seus pais e das pessoas que ajudaram você sair do lugar aconchegante em que estava) ah, e saiba que sua primeira imagem em video fui eu que fiz (espero que não fique bravo por isso...)

já vai sabendo que eu não sou ninguém assim importante. não tenho grana pra te encher de presente, uma casa com quintal grande pra você brincar... nem filho eu tenho pra ser seu primo, arthurzinho. mas eu tenho um blog, este condussão que não conduz nada.

aí tava pensando, sei lá, eu poderia escrever um belo post pra você ou então criar um blog, só seu, heim? ou então uma comunidade no orkut, uma rede social, o que acha? mas sabe arthur, eu poderia criar uma blogosfera inteira pra você e ainda assim não seria suficiente pra demonstrar o que sinto. por isso acho que o melhor mesmo é abraça-lo, estar presente sempre que possível e fazer de um tudo para que essa pessoa nova seja feliz.

por isso, o que posso te desejar arthur - a você que não tem ainda nem um dia completo - é apenas todo amor que há neste mundo. é, meu querido, em menos de 24 horas você já deve ter ouvido um monte de gente te apertando e desejando sorte, saúde, e tal, mas eu desejo mesmo é amor. um dia você vai entender o por quê, mas por enquanto apenas sorria enquanto falam que você é fofo e lindo, combinado?

e oh, não fique convencido, mas saiba que você, meu sobrinho, veio pra me mostrar que ainda é possível ser feliz nesta vida.

[espero que goste do berço]

seu tio,

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quinta-feira, 24 de setembro de 2009

é...

[porque de repente a gente vai parar no hospital e tem que ouvir isso]

arritmia cardíaca
é um problema na velocidade ou ritmo do batimento cardíaco. durante uma arritmia o coração pode bater muito rápido, muito devagar, ou com ritmo irregular. batimento cardíaco muito rápido é chamado de taquicardia, enquanto muito devagar chama-se bradicardia. a maioria das arritmias não causa danos, porém algumas podem ser sérias ou até ameaçar a vida. com arritmia cardíaca o coração pode não ser capaz de bombear sangue suficiente para o corpo, o que pode danificar o cérebro, coração e outros órgãos.

[daí a gente liga o mp3 e é surpreendido por isso]

deu meu coração de ficar dolorido
arrasado num profundo pranto
deu meu coração de falar esperanto
na esperança de ser compreendido

deu meu coração equivocado
deu de desbotar o colorido
deu de sentir-se apagado
desiluminado
desacontecido

deu meu coração de ficar abatido
de bater sem sentido
meu coração surrado
deu de arrancar o curativo
deu de cutucar o machucado

deu de inventar palavra
pra curar de significado
o escuro aço denso do silêncio
no coração trespassado

[tata fernandes e kleber albuquerque]

[e pra acabar de vez com o dia, a gente procura um video na internet e acha isso]





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"confia em mim. tudo vai ficar bem"
"você me conheceu num momento muito estranho da minha vida"*

*cena final do clube da luta
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segunda-feira, 21 de setembro de 2009

eu e eu



é um processo meio louco, mas é isso mesmo: estou namorando comigo. lógico que começamos há muito tempo (eu e eu), mas sabe como é, relação esquisita esta nossa. quase nunca entramos num acordo, brigamos, discutimos, mas acabamos sempre voltando. não consigo desgrudar de mim, apesar de já ter tentado. já disse que me odiava, que não me queria mais e fui embora de mim. mas voltei, sempre volto. no fundo eu gosto de mim, mas ultimamente não tenho me dedicado muito.

aí já viu, a relação esfria e aparece outro alguém, a quem a gente se entrega e quando vê, já era, está vivendo só pro outro, amando só o outro. e, poxa, tá lá na biblia né, ame ao seu próximo como a si mesmo... como vou amar o próximo se nem me amo? ok, confesso que estamos pensando numa terceira pessoa pra esquentar a relação porque às vezes nos sentimos um pouco sozinhos. mas é aquela coisa, eu quero mas eu não quero, aí a gente entra em crise.

por isso digo que agora estamos (eu e eu) quaaaase numa boa. hoje vamos sair, já combinamos. iremos ao cinema, só nós dois. pra não ter briga veremos dois filmes, já que eu quero ver um e eu quero ver outro. de lá, vamos comer alguma coisa, sei lá, num lugar bacana e depois andar comigo mesmo pela rua e conversar até esgotarmos o assunto. ah, também vou me dar um presente que eu tou pedindo faz tempo (eu pra mim). estava pensando num iPod bem moderno porque aquele mp3 de 512 Mb (que eu morro de vergonha quando vejo eu usando) já está ultrapassado.

então, ao chegar em casa vamos tirar nossa roupa e tomar banho juntos. vamos, como de costume, deitar em nossa cama e terminar de ler um livro que compramos semana passada. se eu me conheço bem, vamos acabar dormindo com a luz acesa e o notebook ligado. daí vamos acordar amanhã e continuar a viver, já que decidimos fazer algo muito mais importante do que simplesmente existir.

e seguiremos.

eu e eu.
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sábado, 19 de setembro de 2009

cibelle


só pra dizer que quinta-feira, dia 17, fui ver cibelle no sesc vila mariana e foi bom demais. estou com preguiça de escrever, depois a gente se fala pessoalmente e eu conto tudo, ok? aí eu falo da homenagem que ela fez ao patrick suêize, do #porn cover da xuxa, do funk pancadão irado no bis e de uma música linda que conheci lá, do daniel johnston (true love will find you in the end). e ela fazendo aqueles samplers e tocando milhares de instrumentos e tal, bom, mals aí, mas tou mesmo com muita preguiça, até mais. um beijo, tchau.
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quinta-feira, 17 de setembro de 2009

eu quero menos


conta, cobrança, briga, dívida, dúvida, trânsito, multidão, pó, remédio, compromisso, prova, exame, ruído, confusão, internet, calor, spam, justificativa, discurso, partido, vaidade, vazio, asfalto, terno, sapato, tevê e fandangos.

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segunda-feira, 14 de setembro de 2009

e choveu

[daí choveu como há muito tempo não chovia. abriu os olhos e a janela, mas logo voltou para cama, pedindo a deus que voltasse a sonhar naquela mesma cena em que parou, antes de ser interrompido pelo barulho do vento. e voltou a sonhar. e choveu. como há muito tempo não chovia]



"mas agora eu desisto deste jogo eterno"
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ELT em alerta!

quem me conhece sabe o quanto fui participante ativo de muitas manifestações por aí, muitas delas vãs. entretanto, esta é totalmente plausível e por mais que eu não estivesse lá na ESCOLA LIVRE DE TEATRO, no ato público, apoio totalmente a manutenção do projeto que está ameaçado. para mais informações, clique aqui.

A CARTA ENTREGUE, na íntegra

Exmo. Sr. Prefeito
Sr. Aidan Ravin
Exmo. Sr. Secretário de Cultura
Sr. Edson Salvo Melo

Nós, abaixo assinados, da comunidade Escola Livre de Teatro – centenas de mestres e aprendizes, cidadãos e cidadãs de Santo André, de outras cidades de São Paulo e do Brasil, atualmente abrigados na ELT - respeitosamente manifestamos, através deste documento, nossa profunda insatisfação com os rumos que foram tomados quanto ao que consideramos o mais essencial e precioso no projeto artístico e pedagógico da Escola.

Trata-se, como é de amplo conhecimento, de um projeto que vem sendo construído há vinte anos, e adotado como referência Brasil afora, sem distinção partidária – justamente porque há o entendimento de que o que nele interessa não interessa a um partido em particular, mas aos cidadãos em geral, estejam eles nesta ou naquela agremiação. Quando saímos agora às ruas, senhores, estamos imbuídos antes de tudo do espírito de defesa de um projeto e sua História, construído nestas duas décadas sob o trabalho árduo e a invenção radical - que colocou a ELT como um dos mais importantes laboratórios para o teatro paulista – como pode atestar o próprio painel teatral, onde os mais importantes expoentes, ARTISTAS, são ou estiveram ligados à Escola.

Queremos deixar claro e firmado neste documento (e esta é a palavra final da coletividade – amplamente discutida entre mestres e aprendizes) que nossa motivação ao protesto neste momento não se dá em função da predileção por este ou aquele nome, por esta ou aquela cor partidária. Pensamos à frente e consideramos que preservar o projeto dinâmico e complexo da Escola é um trabalho para o presente, mas também para as gerações futuras da cidade e do país. Nossa tentativa e pedido de reavaliação da Gestão quanto a isso tem estas bases e deve ser compreendida nestes termos.

Ressalvamos que, sempre que solicitado, o Senhor Secretário nunca se furtou ao diálogo conosco, e em vários episódios esforçou-se por elucidar os equívocos de comunicação. E ao contrário do que foi divulgado, o seu mais evidente interlocutor e defensor dentro da Escola foi justamente o mestre Edgar Castro, recentemente demitido. Contradição que não nos cabe elucidar, mas que talvez interesse.

Escrevemos esta carta repletos da certeza de que seremos compreendidos, uma vez que a intenção de ambas as partes tem sido sempre a de criar as melhores condições para que a Escola funcione bem e sirva – como deve ser – aos interesses públicos e coletivos. Pois se esse é o desejo, concordamos e pactuamos com ele.

Tendo em vista os já decorridos oito meses da nova gestão, e evidenciando nossa ampla tolerância e tentativas de diálogo com relação a práticas administrativas em tudo distantes do que se afirmou nestes anos como o essencial ao projeto, chegamos a um ponto em que as contradições têm que vir a público, sob o risco de acabarmos nos acomodando em uma estrutura que desfigura tudo o que há de mais caro na nossa identidade artística, pedagógica e política. Elencamos abaixo algumas ações e práticas que consideramos incompatíveis e nocivas ao andamento sempre complexo, mas amplamente democrático e inventivo que vem marcando nossa vida escolar.
Da palavra "Livre" - presente no nome da Escola - emerge um campo pedagógico próprio, que pressupõe o conceito de deliberação coletiva, derivado do contínuo diálogo entre mestres, aprendizes e funcionários (constituintes legítimos da comunidade ELT), num processo de não-hierarquização, radicalmente contrário a imposições, especialmente quando elas surgem sem alicerces que justifiquem sua concretização.

Neste capítulo, evidenciou-se de maneira flagrante e muitas vezes constrangedora que a chegada da funcionária Eliana Gonçalves – certamente alguém da confiança do Executivo, o que nos parece uma operação legítima na governança - representou uma ruptura no processo de autonomia na pesquisa artístico-pedagógica e, sobretudo, política – naquele sentido do exercício DEMOCRÁTICO radical, do qual não abrimos mão. Mas chegamos, enfim, ao impasse. A constatação coletiva é a de que não podemos mais permitir continuidade à desestruturação diária dos pressupostos de trabalho criados e fortalecidos através de décadas. E de que a ingerência pouco esclarecida deve ser alterada – porque a convivência cotidiana deste confronto de idéias e de maneiras de ver a Formação na ELT vem desestruturando e desqualificando o que foi construído até aqui.
Basta observar a seqüência de fatos concretos, para que se perceba claramente que a atual administração não conseguiu nestes oito meses compreender o que é e o que significam do ponto de vista formativo as dinâmicas de convivência, trabalho e criação conjuntas característicos da Escola:

01. O desconhecimento total a respeito do mais elementar nas linguagens do teatro – conhecimento técnico e artístico – e dos profissionais ali presentes que, em sua maioria, não são de fato referências midiáticas, mas são todos referências na cena teatral nacional. E o desinteresse em conhecer verdadeiramente o processo do fazer teatral fundamentado neste equipamento. Muito diferente do que se tem argumentado, a competência técnica e o repertório até aqui apresentado restringem-se ao ensino formal e, ainda assim, permitam-nos, em coordenadas que nem mesmo as escolas mais antiquadas adotam mais. Da área de trabalho específica e urgente a este projeto até este momento não pudemos contar com nenhuma colaboração relevante.
02. A sua ausência no período noturno de funcionamento dos trabalhos, horário em que há o maior fluxo de aprendizes e mestres e, conseqüentemente, de demandas, impossibilitando um mínimo de aproximação afetiva e de diálogo.
03. O deliberado desprezo em relação aos momentos cruciais de tomada de decisões coletivas; sua reiterada falta de disposição para o debate, somada à quebra dos acordos feitos em reuniões com funcionários (nas quais participaram mestres e aprendizes), além das alterações no espaço funcional (alguns feitos sem prévia consulta à comunidade em período de recesso forçado), afetando diretamente o cotidiano dos aprendizes, tais como:
- Pintura das paredes da escola, certamente desejada, mas que foi realizada em período letivo, prejudicando a utilização do espaço durante as aulas, devido ao forte cheiro de tinta.
- Criação de duas copas separadas, eliminando o espaço de manufatura de adereços de cena e figurinos, alocando a copa de “alunos” numa área em condições não adequadas, onde transitam pombas e ratos. A “copa de funcionários” foi transferida para uma sala onde circulam fios elétricos de alta tensão, constituindo também um perigo a quem transita no local. Como se não bastasse, tal atitude é completamente contrária à criação do conceito de coletividade, trabalhada com muito apreço nesses quase 20 anos de ELT. Aqui há a substituição por atitudes e práticas com raiz na hierarquia surda e na separação anti-democrática de um campo COMUM da experiência formativa – que é central e inegociável para nós.
- Por fim, a sala de reuniões, materialização e símbolo do constante diálogo entre mestres, coordenação e aprendizes, foi alterada, transformada em sala de uso pessoal, eliminando concretamente o espaço de diálogo.
Obviamente, a intenção de limpeza e organização em que se baseiam os argumentos para essas mudanças certamente é bem vinda, mas o que ocorre neste caso são atitudes arbitrárias e pessoalizadas, calcadas em princípios de uso próprio e anti-democrático, não partilhados pelo coletivo ELT, ferindo nossos princípios pedagógicos.
04. A assustadora não-resposta às solicitações de diálogo feitas por todos os membros da Comunidade ELT (especialmente aprendizes e mestres), além de postura autoritária, omissa e por vezes agressiva nas poucas assembléias e reuniões em que esteve presente.
05. Atitudes inadequadas em relação às especificidades de cada um dos projetos criativos (materiais de cena que foram jogados fora sem nenhuma justificativa anterior; horários que foram desrespeitados; aprendizes que foram dispensados de aula sem prévia consulta ao mestre etc). O que significa, por um lado, o ignorar o uso prático e sensível de materiais da criação que, de fato, sob o olhar de alguém que não reconhece os processos teatrais nem a sua construção, podem parecer imprestáveis, mas que são fundamentais para os processos criativos.
06. A proposta de separação física e administrativa da ELT e do Teatro Conchita de Moraes, cujo espaço de extensão pedagógica foi pensado e estruturado desde sua reforma, em 1992. Esta idéia descabida foi, ao que parece, abandonada – devido ao seu total despropósito - sob a deliberação atenta do Senhor Secretário, que em tempo observou a necessidade e a pertinência das atividades da Escola em relação às do teatro.
07. A exigência de graduação superior aos professores, proposta que caminha em sentido radicalmente oposto à diversidade necessária ao projeto artístico-pedagógico da ELT, procurando deslegitimar este espaço como um lugar de experimentação artística, no qual mestres compartilham seus saberes baseados em suas pesquisas e experiências, na ativa e comprovada vivência teatral. Note-se que nos quadros há pesquisadores com extensa atividade artística, embora sem a graduação formal (ainda que premiados, inclusive internacionalmente), assim como há doutores e mestres formados nas melhores universidades do Brasil e que ministram aulas nas mais reconhecidas escolas de teatro do país (públicas e privadas).
08. A proposta de "re-adequação" da grade de horários e espaços físicos feita sem justificativa que contribua para o processo de formação artística e sem ouvir (sequer perguntar) sobre as necessidades de aprendizes, mestres e funcionários.
09. O equívoco na abordagem sobre a abertura de novas portarias e a possibilidade de transferência de encarregaturas, gerando especulações entre a equipe e abalando a relação desta, até então harmoniosa.
10. A renitente convicção de que a Escola necessitaria se adequar a um padrão inapropriado, trazido de fora para dentro, estranho à sua identidade arduamente constituída, e que mais se assemelha a uma antiquada imagem de anacrônico ensino formal e do serviço público em seu imaginário de antigas repartições, referências das quais a Escola Livre se compraz por ter superado.
Diante desses fatos, está instaurado um incômodo geral - notem, amplamente difundido na comunidade escolar, mestres e centenas de aprendizes - o que é muito negativo para o bom andamento de nossos trabalhos, transtornando o ambiente e atrapalhando o que de fato necessitamos fazer nesta escola: Teatro.
A Escola Livre de Teatro tem raiz na comunidade – seja no próprio processo de formação artística que a atende, seja nos espetáculos de seus aprendizes, que permanecem meses em cartaz, com ampla adesão do bairro, da cidade e de platéias vindas de outros lugares. Isso o Secretário pôde verificar pessoalmente. Mas esta relação se dá em bases de exigências artísticas rigorosas, que não barateiam os seus processos e tem respeito pelo cidadão, esteja ele na condição de aprendiz - no palco - ou espectador - na platéia.
Por todos estes aspectos acima expostos, solicitamos ao Executivo a reavaliação da demissão do coordenador e mestre Edgar Castro, que ajuda a construir a História da ELT há 11 anos de forma íntegra, inovadora e constante. Solicitamos também a transferência da funcionária Eliana Gonçalves para outro setor da municipalidade a que ela possa emprestar o seu conhecimento profissional de maneira efetivamente útil, segundo o seu perfil. Importante destacar que a Escola tem sim necessidade de funcionários que tornem ideal o seu funcionamento, porém devem estar afinados com os processos criativos e dinâmicas originais inerentes à formação crítica e poética do ator-criador da Escola Livre – que desde sempre foi um ponto distintivo de sua pedagogia.

Somos abertos à chegada do novo e nunca nos encastelamos em nossa diferença, mas desde que o novo esteja aberto ao diálogo e respeite nossa História, que não é apenas nossa, cidadãos, artistas e aprendizes que estão na ELT neste momento – mas a História de uma geração de artistas que dali saíram e continuarão saindo para ganhar os palcos brasileiros.

Comunidade ELT
Santo André, setembro/2009