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sábado, 31 de janeiro de 2009

MOÇÃO DE APOIO CONTRA A GRAVE SITUAÇÃO DE SAÚDE DOS POVOS INDIGENAS DO VALE DO JAVARI

[Após manifestação na Universidade Federal do Pará, três caciques e um grupo com mais de 20 índios decidiram invadir e ocupar a sala de imprensa do Fórum Social Mundial com o objetivo de chamar atenção das autoridades para o problema de saúde no Vale do Javari, oeste do estado do Amazonas. Conversei com um dos índios, Jorge Marubo, que me entregou este documento, a moção de apoio contra a grave situação no Vale do Javari, segunda maior terra indígena do Brasil. Abaixo, um pequeno depoimento que gravei com o Jorge]


Belém-Pará, 28 de Janeiro de 2008


A Terra Indígena do Vale do Javari está localizada no extremo oeste do Estado do Amazonas, fronteira com Brasil, Peru, Colômbia, sendo a segunda maior Terra Indígena do país, onde vivem aproximadamente 3.700 índios, das etnias: Marubo, Mayuruna, Matis, Kanamari, Kulina e Kurubo, a Terra Indígena do Vale do Javari foi demarcada e homologada em 2001 pelo Governo Federal. O Vale do Javari concentra também o maior número de povos autônomos (índios Isolados) do mundo no seu interior, e a preservação da biodiversidade intacta do planeta.

Diante da grave e precária situação de saúde dos povos indígenas do Vale do Javari. Nós participantes do Fórum Social Mundial, em solidariedade com os indígenas do Javari, manifestamos o nosso apoio, pedindo providencias imediatas das autoridades competentes em relação os descasos de Saúde dos Povos Indígenas do Vale do Javari, afetado pelas doenças infecto-contagiosas como: Hepatite tipo A, B, C e Delta, colocando em grande risco de extinção as suas vidas, se não tomarem as devidas providencias serias e com responsabilidade de forma imediata. Conforme os dados oficiais da FUNASA-CORE-Amazonas, órgão que é legalmente responsável pela execução de ações de saúde no país atualmente, dos 3.700 indígenas das etnias Marubo, Matis, Mayuruna, Kanamary, Kulina e Kurubo que habitam na Terra Indígena do Vale do Javari já registra 80% da população contaminada com vírus de hepatites virais, além dos casos de Malaria e outras doenças que atinge as comunidades indígenas na região.

A Fundação Nacional de Saúde - FUNASA foi designado pelo Ministério da Saúde para administrar a saúde dos povos indígenas no Brasil, com qualidade ao atendimento especifico diferenciadas nas aldeias indígenas, respeitando a cultura de cada povo e as diferentes regiões do país, nada disso vinha acontecendo. Os indígenas, portadores de Hepatites virais, muitos já morreram a espera de um tratamento, outros ainda continuam esperando essa ajuda que nunca chega.

Chegamos numa conclusão que já se tornou uma guerra das autoridades responsáveis pelas ações de saúde dos povos indígenas para com o Vale do Javari. Decisões tomadas pelas Lideranças não são respeitadas; todas as alternativas de melhorias apontadas pelos índios que conhecem sua própria realidade nas reuniões do Conselho Distrital de Saúde Indígena do Vale do Javari-CONDISI, FUNASA Brasília se contrapõe não permitindo que suas decisões sejam atendidas, que é uma decisão do controle social legalmente constituída, mas não são atendidos e respeitados, existe plano Distrital, elaborado pelo CONDISI, onde estão inseridos os planejamentos das atividades e de recursos financeiros de acordo com realidade local, mas é engavetado.

A situação de saúde dos povos indígenas do Vale do Javari é um mal quase sem cura devido o descaso das autoridades competentes que não se preocupam em melhorar o meio social indígena, o problema de saúde no Javari é de pleno conhecimento das autoridades competentes, mas até o presente momento não tomaram nenhuma ação efetiva que pudesse viabilizar uma solução concreta e consistente, realizando ações preventivas, até mesmos os doentes, diagnosticados pelos médicos com vírus de hepatites não iniciaram seus tratamentos. Esta situação vem causando dezenas de mortes dos indígenas por ano, deixando as comunidades num total desespero e sem perspectivas de suas vidas no seu cotidiano, causando um genocídio silencioso nas comunidades indígenas na região. Que os indígenas do Vale do Javari, tem se manifestado através de diversas denuncias aos órgãos competentes, até então, nada foi feito, inclusive denuncias ao Ministério Público Federal no Estado do Amazonas e Coordenação da 6 Câmara do Ministério Público Federal em Brasília, que por sua vez realizaram apenas varias Audiências Publicas, Ação Civil Publica que resultaram em diversos Termos de Compromisso e Termos de Ajustamento de Conduta, mais instrumentos jurídicos sem efeito, o que não contribuíram em nada para solução do problema de saúde dos povos indígenas do Vale do Javari.

Diante de uma grave situação que se apresenta no Vale do Javari, recomendamos que as autoridades tomem as medidas cabíveis, para que não se decepcione com a extinção de uma raça humana dentro do território brasileiro, uma vez que o Brasil esta entre as relação de países mais desenvolvido do mundo, se caso acontecer será uma grande decepção para a nação Brasileira.
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sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

notícias de belém [4] - fórum social mundial 2009


definitivamente este é o fórum social da contradição. ainda não entendo o porquê de tanta desorganização, mas isso a gente supera. supera pela quantidade de pessoas bacanas que conheci com seus variados sons, sotaques e cores. pelo portunhol, portuliano, inglês, catalão, francês, dialetos indígenas falados em todos os cantos. pelas roupas (ou a falta dela), os cabelos e gírias.
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supera pelo som do carimbó, do reggae, do samba, do boi... pelo sabor do cupuaçu, do murici, da taberaba e pela erva de jambo que adormece minha língua quando tomo tacacá e pelos 'ois', 'hollas' e 'his' que ouço quando acordo.
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aí vem o pt, o pcdob, o psol, a cut e todo esse bando de sigla pra f# tudo. mas é isso né. é o fórum social mundial (também chamado de fórum sexual mundial) e pra mim tá tudo certo. o problema é que tem gente que leva esse lance de partido tão a sério que dá até medo.
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e ontem foi o encontro histórico entre os presidentes lula, hugo chávez, da venezuela, evo morales, da bolívia, fernando lugo, do paraguai, e rafael correa, do equador. por causa da péssima organização na entrada do evento, precisei (junto com minha fotógrafa oficial) me esconder num ônibus e entrar pelo estacionamento. tem até vídeo que não mostro por motivos óbvios, mas foi bem legal.
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legal foi só a entrada porque o ato em si foi ridículo. o espaço estava ocupado por milhares de petistas fanáticos que não prestaram atenção em nada, só ovacionaram o presidente. de repente um grupo chamado crítica radical levantou uma faixa contra o governo e os petistas ofendidos começaram a gritar LULA e a jogar papel e copos nos caras. esse é o fórum social...
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[pausa para ouvir os manifestantes do fórum gritarem "a nossa luta é todo dia... contra o racismo, o machismo e a homofobia"]
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voltando, eu só queria que acontecesse na política o mesmo que acontece com as pessoas que falam linguas diferentes aqui no fórum e mesmo assim se esforçam pra se entender. mas não, os caras tem que brigar. bom, como vi que aquilo ali ia ser puro bla bla bla, acabei saindo antes do fim. o que saiu na imprensa por aí não é nem 1 por cento do que aconteceu.
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a imprensa não falou do dinheiro gasto com os aviões pra trazer estes presidentes, nem da grana que a universidade federal rural da amazônia EMBOLSOU. não falaram também dos dois helicópteros alugados para que fosse feita uma foto gigante da qual eu participei e NÃO falaram que belém - uma metróple - TEM ESGOTO A CÉU ABERTO, nem que a UFRA fica num dos bairros mais pobres e violentos da cidade.
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e que fórum social é esse em que os acampados enchem o acampamento de lixo e em seguida gritam SALVE A AMAZÔNIA? nós estamos acampados num lugar lindo, cheio de mata, sapos, cobras, búfalos e todos os tipos de inseto e ainda assim tem gente que simplesmente acende seu cigarro e joga a bituca no chão.
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e que fórum é esse que prega a COMUNICAÇÃO LIVRE, mas impede a mídia comercial de entrar no acampamento? que eu saiba livre é livre. ou não?
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ah, melhor parar por aqui, senão vou acabar falando do discurso do movimento estudantil que - PASMEM - é o mesmo do fórum de 2005. acho que trouxeram as mesmas faixas, só trocaram o 5 de 2005 pelo 9 de 2009. de resto é a mesma coisa.
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e, se não fossem os motivos que citei no começo deste desabafo, já teria ido embora...
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terça-feira, 27 de janeiro de 2009

notícias de belém [3] - fórum social mundial 2009

Todo dia é dia de índio. A frase é clichê, mas foi assim que um dos líderes indígenas começou a manifestação que aconteceu ontem no Fórum Social Mundial. A marcha de abertura, que teve início às 15h no Cais do Porto, terminou na Praça do Operário, bairro de São Brás. Após uma breve homenagem ao povo palestino, houve apresentação de um grupo composto por várias tribos de índios da Amazônia, que viraram atração turística do Fórum. Gringos e brasileiros param os indios pra tirar foto com eles e isso é uma coisa muito esquisita. Ok, é diferente, principalemente pro pessoal do sul, mas sei lá. Tudo bem que eu não resisti e tirei também. Bom, o que importa é que finalmente o Fórum começou e com ele as discussões, debates, passeatas, marchas, acordos, etc. Fiquem por enquanto com essas fotos tiradas ontem de alguns momentos que julgo serem interessantes.
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índio modelo
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índio gay
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índia fuma marlboro
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índio usa tênis
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índio cineasta
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índio usa havainas
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índio é notícia
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segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

notícias de belém [2] - fórum social mundial 2009

sala de imprensa
acho que está de cabeça pra baixo, não?

preparação para a cerimônia do fogo
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éééégua.
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quando fui dormir havia apenas um casal de franceses, uma espanhola, um baiano e e uma brasilera. quando acordei, o alojamento estava abarrotado de gringo. croatas, alemães e um grupo de uma comunidade que se considera escolhida por deus, precisaram passar a noite conosco porque chegaram de madrugada e chovia bastante.
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o fórum só começa amanhã, mas já trabalhei como intérprete (inglês-português), motorista de kombi (pra transportar o pessoal da porta da universidade até o local de camping), porteiro, segurança, recepcionista e assessor de imprensa. agora estou fixo como intérprete e assessor de comunicação.
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um frasco de repelente já foi, mas os mosquitos insistem em querer meu sangue.
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a recepção dos belemenses é ótima, mas a organização... só por deus...
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devidamente credenciado como jornalista. quero cobrir o fórum de midias livres e das autoridades. depois, participo do cronograma cultural do acampamento.
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quero um tempo pra conhecer a cidade, alguém me dá?
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agora, o que me surpreende é hippie usando notebook em rede wireless aqui no acampamento da juventude... sinal dos tempos!
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sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

notícias de belém [1] - fórum social mundial 2009

em belém, 30 graus.
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escrevo da casa do amigo de um amigo do amigo de alguém que conheci ontem por telefone. loucura? não sei, mas agradeço aos interpretes que foram me buscar no aeroporto e me trouxeram pra essa casa cheia de malucos que fazem parte da organização do fórum social mundial 2009. muito engraçado a forma como a tradutora me encontrou no desembarque, mas enfim, a forma que consegui essa hospedagem merece um post a parte porque foi muito estranho, mas deu tudo certo.
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no momento estamos finalizando o processo de inscrição das pessoas que ficarão no acampamento internacional da juventude na universidade rural da amazônia. depois vou pro grupo de trabalho de comunicação e dar um help na organização do cronograma de eventos culturais do acampamento.
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o voo foi tranquilo, com uma turbulência que nem deu medo. ficamos mais de uma hora parados no aeroporto do galeão, no rio de janeiro, porque um cara passou mal.
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então é isso, em breve mais notícias de belém do pará.
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ah, e como NADA é de graça... eu fiz a janta pro pessoal ontem... MIOJO pra todo mundo... haha....
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quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

o que fui fazer na argentina

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voltei da argentina ontem e estou arrumando as malas pra ir ao fórum social mundial, que acontecerá em belém do pará. meu voo (sem ^, né?) é amanhã a tarde, mas ainda estou procurando um canto pra ficar entre amanhã e dia 26, já que o fórum só começa dia 27 e, a partir desta, fico no acampamento da juventude.
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sendo assim, estou sem tempo pra falar do que rolou na argentina, mas a viagem foi uma das mais marcantes da minha vida. vou resumir:
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fomos num grupo de 22 pessoas, entre estudantes de diversos cursos da usp e unicamp pra berisso, 65 km de buenos aires. o objetivo era dar continuidade a um trabalho que começou em 2008 na construção de um espaço para a comunidade de um bairro daquela cidade. tais estudantes têm uma coisa em comum: são todos cristãos e fazem parte da organização toca do estudante, que se reune nestas universidades.
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este ano o trabalho consistiu na construção de um anexo do galpão, que servirá como uma sala de estudos para as crianças ou então uma cozinha. fizemos também as cercas do terreno, além de várias ações recreativas com as crianças do bairro.
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e eu me enganei quando pensei que fosse um bando de universitário da classe média metido a assistencialista. o que encontrei foi um grupo que realmente acredita em mudanças e que faz alguma coisa pra que essas mudanças aconteçam de fato.
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como não poderia faltar, fizemos um tour por buenos aires e por la plata, além de passar uma tarde em foz do iguaçu, paraná. foi realmente incrível.
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bom, pretendo escrever mais sobre isso, mas o tempo corre e ainda preciso ligar nuns albergues de belém. caso contrário terei de dormir no aeroporto. fiquem com algumas fotos e até logo.
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mi casa
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el quincho antes
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el quincho depois

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novos amigos
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dylan, que não desgrudava de mim nem na hora do trabalho...
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rastelando o fenemê (piada interna)
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lerê, lerê...
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casa rosada
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avenida nove de julho, a mais larga do mundo, segundo os argentinos
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no navio em puerto madero
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foz do iguaçu

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I-M-P-R-E-S-S-I-O-N-A-N-T-E
[e há quem diga que isso é obra do big bang]
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quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

noticias portenhas




holla!
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ainda estou aqui na argentina. cheguei segunda-feira e ainda nao sei quando volto. só digo que estou adorando a viagem, apesar do calor que faz aqui. sao quase 22h e acabou de escurecer agora. nao tenho muito tempo aqui no ciber, mas com certeza essa trip entrará para o ranking das melhores. depois conto mais detalhes... por enquanto. passei rapidamente por buenos aires e agora estou em berisso, a 10 minutos de la plata, mas devo voltar a capital sábado...
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besos argentinos com gosto de alfajor!
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domingo, 11 de janeiro de 2009

mi compleaños nº 28

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este post foi originalmente escrito em 07 de janeiro de 2009, mas programei para ser publicado hoje, 11 de janeiro de 2009, às 11h01, enquanto estou num ônibus fretado cheio de desconhecidos rumo a argentina em pleno dia de meu aniversário. pelos meus cálculos, neste momento devo estar num destes restaurantes de beira de estrada no paraná, comendo espetinho de frango e relembrando as dezenas de vezes que fui pra este estado nas (ótimas) férias familiares.
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é a segunda vez que viajo a este país. na primeira (em 2004) também fui de (muitos) ônibus. de monguaguá, onde estava com a família, fui até a rodoviária do tietê (ou talvez barra funda, não importa). de lá fui até foz do iguaçú e paguei 30 reais por um táxi para atravessar a fronteira. chegando a puerto iguazu, mais um ônibus até corrientes, cidade em que perdi o último ônibus para santa fé. peguei então um ônibus pra córdoba que mais parecia um trem. gente em pé, gente vendendo gibis, linha de tricô, coisa fina. sei que depois de uns 3 dias que tinha saído de são paulo, cheguei à santa fé e esperei o josé, um missionário argentino tatuado que me acompanharia até coronda, cidade pobre e pequena onde passei 15 dias.
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tudo isso pra dizer que agora estou a caminho de berisso, a 65 km de buenos aires, para trabalhar num projeto voluntário com o pessoal da toca do estudante, grupo de jovens cristãos de universidades como usp, mackenzie, unicamp, etc... não sei o que esperar desta viagem e estou confuso sobre a minha participação. por um lado este intercâmbio é legal, mas será que vale a pena? não por mim, pois acredito que qualquer tipo de experiência deste tipo faz bem e é sempre um ganho, mas qual o sentido de tudo isso?
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"O que levar? "Roupa de Briga", isto é, roupas simples para trabalho em área carente. Um saco de dormir. Disposição em servir como voluntário entre pessoas de outra cultura. Estaremos com um grupo de universitários argentinos nos ajudando." trecho do e-mail de convocação para a viagem.
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bom, então é isso. hoje é meu aniversário e ao contrário do ano passado, que reuni 60 pessoas em casa, agora estou neste ônibus fretado que saiu de são paulo ontem a noite lá da usp. torço pra que dê tudo certo e pra que eu consiga dar uma escapada até buenos aires, mesmo que eu tenha que ficar uns dias a mais por lá.
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E já que as idéias
não são eternas como o mármore
mas imortais como um bosque ou um rio,
a doutrina anterior
assumiu outra forma na aurora 
e a superstição dessa hora
quando a luz como uma trepadeira
vai implicar as paredes da sombra,
persuadiu minha razão
e traçou o capricho seguinte:
Se estão alheias de substância as coisas
e se esta numerosa Buenos Aires
não é mais que um sonho
que erigem em compartilhada magia das almas,
há um instante
em que periga desmedidamente seu ser
e é o instante estremecido da aurora,
quando são poucos os que sonham o mundo
e só alguns notívagos conservam,
cinzenta e apenas esboçada,
a imagem das ruas
que definirão depois com os outros.

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trecho de 'amanhacer', poesia de jorge luis borges no livro 'fervor de buenos aires', de 1923.
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quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

a vida é mesmo um vai e vem

faço aniversário domingo. é. 28 anos. mas que inferno astral que nada. pra mim isso é desculpa pra gente mau-humorada ficar mais mau-humorada ainda... e o jeito é encarar a velhice, já que não dá pra evitar. ok, nenhum dos meus planos deu certo, não estou no emprego que sempre quis, não tenho meu apartamento, nem meu carro, nem alguém que durma e acorde comigo, nem, nem, nem...
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por isso aproveito o tantinho de bom humor que ainda resta pra rir de mim mesmo, total loser. veja só como nada de interessante acontece comigo e tudo se repete...
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estressado e sonolento antigo
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estressado e sonolento recente
.loiro antigo
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loiro recente
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careca e gordo antigo
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careca e gordo recente
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quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

i would take the pain away

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que vou dizer sobre gaza? que sinto muito pelas mortes? que os jornalistas estão cobrindo as ofensivas israelenses como se fosse um filme? que é uma guerra em nome de deus e, por isso, devo criticar a religião e questionar a existência d´Ele ou então exaltar os missionários que estão lá pregando a palavra de deus e morrendo em seu nome? que é preciso uma revolução, uma passeata? não. não posso dizer nada, nem fazer nada.
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acordei e está tudo bem comigo. apesar do ônibus cheio no caminho pro trabalho, vi pela janela uma revoada de pombas que bebem mijo de cachorro na valeta e fiquei feliz. acessei pela internet meu home banking e vi que o dinheiro pago pelo meu job caiu na minha conta e fiquei feliz, mesmo sabendo que hoje mesmo estarei no vermelho. passei esta noite na casa da minha avó de 91 anos que está doente e me senti bem por isso e porque ela me chamou de querido.
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tá tudo errado né, mas santa catarina gastou milhões de reais pra estourar fogos de artifício no reveillon. vamos reconstruir santa catarina, gente! vamos doar mais dinheiro e participar de show em prol das vítimas das enchentes, como eu fiz. vamos viajar 36 horas de ônibus, ir para um país estrangeiro e doar nossa força física e nossa lábia - como eu vou fazer, sendo que nem o nome do meu vizinho eu sei.
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agora tchau, sigo trabalhando contente, confuso e feliz, escrevendo a pauta do próximo jornal interno, blogando, ouvindo little joy, pensando em mil projetos pra esse ano, pensando na proposta de emprego que recebi ontem, pensando em você e na música que a Bakthawar Bhutto fez pra mãe dela, assassinada há um ano.
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segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

pouca saúde e muita saúva, os males do brasil são...

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daí vem alguém e diz que não tem mais trema em consequência, hífen em autoescola, acento agudo em ideia e nada de circunflexo em voo.
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daí que eu vou à praia e levo macunaíma, de mário de andrade, pra reler e dou de cara com aquelas expressões todas, aquelas palavras cantadas, a ginga, a carta prás icamiabas. que coisa linda, não? e pra aumentar ainda mais minha paixão por tudo aquilo que eu lia, encontrei este trecho das correspondências de mário de andrade com manuel bandeira, no site do programa avançado de cultura contemporânea (pacc) da ufrj, que estão no ensaio 'heróis de nossa gente', originalmente parte da tese de mestrado de heloisa buarque de hollanda e foram também publicadas em vários outros livros, teses, estudos. um deles começa assim: 
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"Quanto ao caso da Carta prás Icamiabas, tem aí um milhão de intensões. As intensões justificam a carta porém não provam que ela seja boa, é lógico e reconheço. Primeiro: Macunaíma como todo brasileiro que sabe um poucadinho, vira pedantíssimo. O maior pedantismo do brasileiro atual é o escrever português de lei: academia, Revista de Língua Portuguesa e outras revistas, Rui Barbosa, etc. desde Gonçalves Dias. Que ele não sabe bem a língua acentuei pelas confusões que faz (testículos da Bíblia por versículos etc. e o fundo sexual dele se acentua nas confusões testículos, buraco por orifício, etc.). Escreve pois pretensiosíssimo e irritante"
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sabe aquela vontade de querer que o metrô demore só pra ter mais tempo de (re)ler um livro? então...
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