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sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

o centro

habitar o centro, território árido.

morar no centro de qualquer cidade é uma experiência fantástica. o agito, a proximidade de tudo (ou quase tudo), a mobilidade, o status, enfim, não importa o motivo. e morar no centro de duas cidades gigantes próximo às praças mais bacanas (em sp, na praça da república e em campinas, há duas quadras da praça carlos gomes) é um diferencial e tanto.

há menos de 4 meses mudei para o centro de campinas, depois de um ano e meio dividindo uma casa enorme, com quintal, horta e três cachorros. agora estou num apartamento gostoso, que montei do meu jeito. como morei sempre com outras pessoas, nunca tinha me sentido de fato "em casa", mesmo tendo roomates maravilhosos na maioria das vezes. mas pela primeira vez passei pela experiência de alugar um apartamento sozinho, procurar, escolher, negociar, alugar.

foi maravilhoso me mudar mesmo sem moveis, sentir o eco da minha própria respiração, ser meu próprio fiador, receber e pagar as contas, escolher onde ficariam as poltronas lindas e laranjas, a estante de aço azul, o sofá vermelho.

fazer um open house cheio de amigos queridíssimos, a primeira reclamação pelo barulho, conhecer os vizinhos, preparar a casa para receber visita. o primeiro cafezinho, o primeiro jantar, a primeira conta de gás, tudo isso tem um quê de independência muito grande.

na verdade sou independente há muito tempo, que fique claro. não sei se chega a ser motivo de orgulho, mas fico bem confortável em saber que pago minhas próprias contas desde os 14 anos e desde então não dependo financeiramente dos meus pais pra nada.

claro que se eles fossem ricos, não me importaria em ser sustentado, mas sério, a pessoa com mais de 20 anos que ainda recebe mesada ou que tem o aluguel pago pelos pais é uó.

mas essa independência também traz um pouco de solidão. aquela solidão boa, necessária. nunca tive tanto tempo pra dividir comigo mesmo meus pensamentos, pra ler, escrever, ver filmes, andar pelado, deixar a louça na pia durante uma semana e as roupas os livros pelo chão.

e morar sozinho quando se namora tem também seu encanto. receber e ser recebido causa uma ansiedade maravilhosa. mas como esse não é o motivo deste post, voltemos ao fato de viver só. agora, por exemplo, ouço apenas o barulho da geladeira e alguns carros na minha rua.

minha rua tem nome de poeta (sim, isso contou pontos na hora de decidir). minha rua é estreita, de mão única. na minha rua tem prostitutas, travestis e garotos de programa. restaurantes bons, fuleiros e casas bahia. tem posto de gasolina, tráfico de drogas e gente idosa. meus vizinhos, quase todos idosos.

um deles, no meu aniversário, até me deu presente, além de ter recebido e guardado aquele lindo arranjo de orquídeas que ganhei de aniversário.  não sei quanto tempo essa experiência vai durar (confesso que sinto falta de chegar e ter gente em casa), mas tem sido a melhor coisa nos últimos tempos.


Um comentário:

Talita Guedes Bittioli - Psicóloga disse...

Eu gostava de morar com vc...
Mas sempre quis que vc morasse sozinho hahahaha