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segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

na escadaria do teatro solis sentei e não chorei

- 6 de janeiro, montevidéu, 5h50

o terceiro andar do aeroporto internacional de carrasco é um terraço lindo e lá que decido dormir. deito num dos bancos e enrolo a alça das malas no meu braço só por precaução e durmo por quatro horas. acordo com um céu rosa-alaranjado, tomo um latte com medialuna e é então que tenho meu segundo contato uruguaio (o primeiro foi o "hola que tal" que a oficial de imigração disse antes de carimbar mais um país no meu passaporte).

o fato de ter esperado amanhecer me rendeu uma economia de 920 pesos de táxi e paguei apenas 29 num ônibus velho. minha aventura foi tentar acompanhar o trajeto no mapa para não perder o ponto. perdi, obviamente. quando desço, descubro que o comércio (incluindo os cafés) só abre às 9h30, com algumas exceções que abrem às 8h. mas são 6h e eu estou sentado na linda (mesmo) escadaria (de quatro degraus) do teatro solis.

comigo há dois mendigos, três jovens fumando maconha, algumas pombas assassinas e um empregado do teatro limpando as janelas de vidro. em volta da praça há vários prédios antigos, a sede da presidência da república e um edifício de oito andares onde um senhor grisalho parece tomar sol na varanda.

os táxis são pretos, daqueles que separam o motorista dos passageiros por meio de um vidro e um ônibus com destino à San Rafael cruza a praça neste momento.

dois jovens bêbados e bem vestidos cantam e andam abraçados. me pedem cigarro e seguem. a cidade ainda dorme.

os dois jovens voltam cantando aquela música militar (1,2,3,4... 4,3,2,1) e eu aproveito para registrar o momento com uma foto (que será publicada aqui mais tarde).

parece que estou num filme.

- 7 de janeiro, montevidéu, 2h57

check-in feito, decido andar pela cidade. só então descubro que é feriado por conta do Dia de Reis, uma super festa de rua em que as crianças ganham muitos presentes e os adultos cantam e dançam o Candombe. foi uma das coisas mais lindas que já vi, aqueles quarenta grupos tocando seus tambores e dançando sem parar.

antes disso, preciso dizer que fui à cinemateca. não tenho guia da cidade, não sei do calendário, mas como já disse, adoro aquela frase que diz que pra conhecer uma cidade é preciso se perder. por um acaso do destino fui parar na cinemateca e assisti O Escritor Fantasma, do Polanski. adorei o filme e o evento que estava rolando (mostra de melhores do ano).

comi e bebi coisas cujos nomes desconheço, andei como se não houvesse amanhã e quero dormir como se fosse sábado.
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