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quarta-feira, 22 de julho de 2009

hoje mamãe morreu...



é assim o começo do livro do albert camus que acabo de ler agora, no ônibus, minutos atrás. e, se não fosse emprestado, o livro do albert camus que acabo de ler agora, no ônibus, minutos atrás iria direto praquela prateleira dos melhores livros que já li faz tempo. e estes livros estão lá, tanto o livro do albert camus que acabo de ler agora, no ônibus, minutos atrás, como os que já li faz tempo, porque são bons, seja pelas palavras neles impressas ou pelo momento especial que eu vivia quando li ou por tudo isso junto. ontem eu terminei um outro livro que chama-se sexo, escrito por andré santana e comprado numa livraria que foi a casa de machado de assis, no rio de janeiro. eu gostei de sexo, do andré santanna, livro que terminei ontem, comprado na livraria que foi a casa de machado de assis, no rio de janeiro, mas outro dia falo dele porque o livro do albert camus que acabo de ler agora, no ônibus, minutos atrás, não é sexo, escrito por andré santanna, comprado na livraria que foi a casa de machado de assis, no rio de janeiro porque sexo não começa com 'hoje mamãe morreu'. o livro do albert camus que acabo de ler agora, no ônibus, minutos atrás chama-se o estrangeiro e tem um parágrafo que é a síntese de um livro bom, só pra você ter uma ideia dos livros que vão praquela prateleira dos melhores livros que já li faz tempo:

"e desta vez, sem levantar, o árabe tirou a faca, que ele me exibiu ao sol. a luz brilhou no aço e era como se uma longa lâmina fulgurante me atingisse na testa. no mesmo momento, o suor acumulado nas sobrancelhas correu de repente pelas pálpebras, recobrindo-as com um véu morno e espesso. meus olhos ficaram cegos por trás desta cortina de lágrimas e sal. sentia apenas os címbalos do sol na testa e, de modo difuso, a lâmina brilhante da faca sempre diante de mim. esta espada incandescente corroía as pestanas e penetrava meus olhos doloridos. foi então que tudo vacilou. o mar trouxe um sopro espesso e ardente. pareceu-me que o céu se abria em toda a sua extensão deixando chover fogo. todo o meu ser se retesou e crispei a mão sobre o revólver. o gatilho cedeu, toquei o ventre polido da coronha e foi aí, no barulho ao mesmo tempo seco e ensurdecedor, que tudo começou. sacudi o suor e o sol. compreendi que destruíra o equilíbrio do dia, o silêncio excepcional de uma praia onde havia sido feliz. então atirei quatro vezes ainda num corpo inerte em que as balas se enterravam sem que se desse por isso. e era com se desse quatro batidas secas na porta da desgraça."

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10 comentários:

Cleyton Cabral disse...

Que interessante! Ontem acabei de ler A FOTO, um livro muito legal. E hoje começo a biografia de Carmem Miranda, do Ruy Castro. Engraçado quando lia A FOTO pensava que vc ia gostar. Quando eu for em Sampa levo pra você. Vamos trocar livros? hehe

.leticia santinon disse...

"...ou será que foi ontem?"

esse é meu livro preferido e tenho dito.

aliás, eu casaria com o Camus se ele ainda estivesse vivo e gostasse do Brasil.

Marcela Prado disse...

e eu super assustei quando li nos meus links: Condussão - " hoje mamãe morreu..."

Anônimo disse...

meu...tem como camus nao ser memorável? nao!

Rodrigo Artur Nascimento disse...

Eu acho que conheço esse livro. Aliás, exatamente este.

Eduardo Araújo disse...

Eu li. Eu lembro. Adoro.

Conrado Falbo disse...

foi um dos primeiros livros "de gente grande" que li. foi o primeiro livro em francês que li.

vá logo ler os outros livros dele, que você não perdeu por esperar esse encontro... (recomendo "o exílio e o reino")

Katrina disse...

Camus é mestre
e ponto final

Karin disse...

Camus, amo de paixão.
Curiosamente, estou lendo a biografia dele... homem impressionante.
E seu blog é uma delicia de ler.

[ ]'s

Luciano Faustino disse...

Mais sobre Albert Camus no Brasil...

http://my.opera.com/perfeito/blog/albert-camus-e-a-pedra-que-cresce

Abs!!