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sábado, 25 de julho de 2009

avenida paulista, 25 de julho de 2009

14h

meu pai dá uma demonstração de amor por mim que me deixa atônito.

15h01

uma ligação importante, que eu não esperava, me fez sorrir.

17h17
expresso mais pão de café recheado com chocolate no último andar do sesc.

17h22

uma ligação importante, que eu não esperava, me fez sorrir.

18h36
chuva,

a chuva forte que parecia vir debaixo do asfalto [tamanha a rapidez com que minhas meias se encharcaram] e o falso desejo de que alguém estivesse ao meu lado para compartilhar dos meus pensamentos [e também da proteção do meu guarda-chuva preto] fez com que eu parasse num bar qualquer e escrevesse um poema tosco num papel velho encontrado dentro de um livro novo.

18h44
as torres de tv embaçadas pela neblina, os casais heterossexuais cada vez mais em extinção, os três reais mais bem investidos da minha vida em troca de um pote de milho verde transbordante, cujo vendedor invejei após ouvir 'não vejo a hora de ir embora, chegar em casa e abraçar meus dois filhos e minha esposa' que, não muito longe, vendia salgadinhos fofura e outras guloseimas em outra avenida tão famosa quanto aquela onde estávamos.

19h
os carros seguiam, a mulher velha com seu sobretudo beje seguia, e minha vontade de chorar frente a incapacidade de tomar uma decisão adiada durante meses, talvez anos, só fazia com que eu andasse cada vez mais devagar a fim de tornar o caminho mais longo e por consequência adiar um pouco mais [ainda que pouco] mas um pouco mais, o fato de dizer simplesmente sim ou não àquela velha pergunta, e a consciência plena em saber que o sim pra uma coisa é o não pra tantas outras.

20h17
a preguiça de sacar o celular do bolso para tirar uma foto deixará este post sem imagens, mas o que vejo esta noite é mesmo infotografável [como aquela música de chet baker].

20h30
do lado esquerdo, aquela lanchonete em que recebi a notícia do fim.

2oh31
do lado direito, o masp.

20h40
e é ali, na rua augusta, esquina com a rua antonio carlos, que percebo que os carros param, a chuva para e eu continuo. antes, passo em frente aquele cinema e lembro do que um dia [ali mesmo] me disseram: lucas, independentemente do que aconteça daqui pra frente, tenho certeza que não é a toa que você escreve seu nome começando por um ponto

final.

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11 comentários:

Eduardo Machado Santinon disse...

Lucão seu vagabundo, você sabe escrever carregado na boniteza né, ô! lazarento...

Eduardo Araújo disse...

Você está escrevendo que nem eu, só que melhor. Exijo royalties. Gosto de pão de café.

Marcela Prado disse...

quero mais informações.
sem mais,
marcela.

Marcela Prado disse...

reli e não entendi o "falso desejo".

sim, eu continuo querendo entender tudo.

Rodrigo Artur Nascimento disse...

Uau!

Tatiana Lazzarotto disse...

fiquei com vontade de comer pão de café e conhecer esses lugares todos.
ah, setembro, me aguarde.

Cleyton Cabral disse...

Lindo! Já sabes que vais me levar em todos esses lugares né?

.leticia santinon disse...

Óia!
Que textin bonitin....

Anônimo disse...

14h04
leio aqui, mençao a exata esquina em que estava pensando quando acordei.

Michele Prado disse...

quase nos encontramos na augusta... estava por lá essa hora.

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adorei o final.

Unknown disse...

é verdadeiramente uma pena que 'certas' pessoas não te conhecem...