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quarta-feira, 7 de maio de 2008

gracias por sus libros, julio cortázar



não adiantou. nem os amigos, nem os críticos, nem os jornais, os entendidos, as livrarias, a universidade. todos me indicaram julio cortázar. e eu não dei ouvidos. ao contrário de caras como o saramago ou o gabriel garcia marquez (que li por insistência e agora gosto muito), do julio eu preferi manter distância. mas é aquela coisa, quando é pra ser, é. e agora é pra ser. e agora ele é o cara que leio nos intervalos e percursos. mas quando foi mesmo que me interessei por ele? ah, sim, foi lá na frança, no cemitério do montparnasse. entre as dezenas de personalidades famosas enterradas ali, está o julio. difícil de encontrar, o túmulo é simples, de mármore e, diferente dos outros famosos, não tinha bonecos, cartas, fotos... tinha apenas alguns passes de metrô, bilhetes e umas flores vermelhas. o que me chamou atenção foi uma frase escrita no próprio túmulo: gracias por sus libros.


quem escreveu isso não queria apenas elogiá-lo, mas agradecer pela obra. então fico imaginando que livro foi e qual impacto um livro pode causar na vida de alguém, a ponto de agradecer no túmulo. ok, não vamos discutir se é ou não vandalismo pichar um túmulo, nem se o julio vai ler aquilo, já que está morto, mas o fato é que achei isso muito bacana e por isso fui atrás de alguns livros dele.


atualmente leio histórias de cronópios e de famas, que já me disseram que não é lá uma de suas melhores obras. não importa. não sou crítico literário, nem nada. mas digo que estou realmente embasbacado com esta leitura. tardia, é verdade, mas como disse lá em cima: quando é pra ser, é.

deixo aqui um trecho de entrevista que achei no youtube falando deste livro e um comentário de um amigo que tem tudo a ver com este post.






"não concordo com a definição de que literatura é um cânone selecionado por um grupinho de especialistas. literatura é o que fica. literalmente, letra que perdura. não como as fotografias que ficam amarelas, ou os filmes que ficam datados nas roupas, nas falas, nos modos de interpretação e ritmos, tudo se convertendo 'registro do passado'. os livros são atos e pensamentos que permancem vivos e se renovam a cada leitura, enquanto nós, viventes, vamos todos para o esquecimento" eat
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11 comentários:

Eduardo Araújo disse...

Eu não gosto do Júlio Cortázar, eu tenho amor por ele! A obra que primeiro li do Júlio foi BESTIÁRIO, seu primeiro livro de contos (e editado pelo Jorge Luís Borges!!!). Li pois encontrei um jornalzinho de biblioteca hiper- modernoso chamado LINGVARIVM, que trazia uma resenha com resumos deste livro. O livro mesmo, só consegui achar meses depois num sebo (que era uma banca de jornal). Ainda sofro o impacto deste livro que releio continuamente, e do qual sei todos os enredos. Descobri lendo esses contas, os contos de Clarice Lispector, de Borges, de Machado, Gabriel Garcia Marquez, Guimarães Rosa e Edgar Allan Poe que o "conto" é a minha praia, é o gênero que mais gosto. É o gênero no qual pratico os meus melhores crimes. Adorei a entrevista. Acho que te disse, mas é bom reiterar. O Júlio Cortázar encreveu um livro inteirinho no qual o protagonista de todos os contos chama-se LUCAS. O título do livro? UM TAL LUCAS.


Abço

Anônimo disse...

nossa...ha tempos nao passava por aqui....

Anônimo disse...

nossa...ha tempos nao passava por aqui....

Anônimo disse...

nossa...ha tempos nao passava por aqui....

[tabita] disse...

o cara deve ter sido muito fera mesmo, para merecer uma lápide dessas. estou incluindo mais um nome na minha lista de futuras leituras.

bjo ::

Michele Prado disse...

pois é, "as palavras sempre ficam"... acho que os livros são como seres mágicos que guardam os segredos do mundo, nos fazendo mergulhar entre idéias, conceitos e fantasias para encontrar a nós mesmos.

[nossa, viajei, hein?!]

a propósito: muito boa a frase da lápide.

Anônimo disse...

Li O Jogo da Amarelinha primeiramente e o último foi O Livro de Manuel.
Das melhores descobertas que você fez em livros!

Dia 10 disse...

Mais um texto começado por "não". Coisa que me intriga por aqui.

.lucas guedes disse...

quero ler esse UM TAL LUCAS, então...

nossa, realmente, mais um texto começado com NÃO... :-S

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.leticia santinon disse...

Esse TAL LUCAS eu não li, mas li bestiário e o história de cronópios e famas...ótimos...adoro Cortázar.

Olha só que coisa curiosa, atualmente também leio outro livro dele, chama-se "O jogo da amarelinha", inidicação de um amigo meu, MARAVILHOSO! Isso pq estou no começo e o livro tem mais de 600 páginas. Cortázar é bom demais.

A frase na lápide é mais do que merecida.

Helenita disse...

Eu também, tenho AMOR para o Julio Cortázar. Estou a ler Un Tal Lucas agora, é óptimo, é indescritível....nem consigo explicar porque gosto tanto do Julio, é algo segredo, só os que já leram-o podem perceber: faz-me rir, faz-me pensar, faz-me chorar, faz-me tremer, faz-me tudo. Nunca consigo ficar sem mexer quando estou a ler o Julio...faz-me mexer, mexa o meu mundo, os meus pensamentos. E incrível. Adoro-o! Bestiario, Historia de cronopios y famas, la vuelta al día en ochenta mundos, Queremos tanto a Glenda,....ele é um genio mesmo. Sim, é. Fica nos nossos corações, nas nossas vidas, a acompanhar...pelo menos para mim, assim passa.