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segunda-feira, 26 de maio de 2008

no café...

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my blueberry nights (um beijo roubado) - wong kar-wai/lawrence block
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feast of love (banquete do amor) - robert banton/allison burnett, baseado no livro de charles baxter
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apesar dos péssimos nomes em português, estes são dois bons filmes que têm várias coisas em comum, mas vou falar só de duas:
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a primeira é que ambos tem um 'café' como ponto de partida. é no café que os personagens se encontram e desencontram. se apaixonam. terminam o relacionamento. começam outro com outra pessoa. e assim vai.
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e tratam basicamente do mesmo assunto, o amor, sem cair no clichê da comédia romântica. eu gosto de comédia romântica, mas às vezes me canso com aquelas histórias. talvez porque falte identificação com casais cujos relacionamentos sempre dão certo. bom, não vou falar dos filmes, nem incentivar ninguém a assisti-los, mas me chamou muito a atenção a história particular de cada personagem. eles não foram criados, já existiam, cada um com sua história, seus medos, traumas, amores. e tudo isso é expresso de acordo com a evolução das tramas, de forma sutil e ao mesmo tempo forte. a impressão que tenho é que cada um tem sua vida própria, mas parece que essa vida só tem sentido quando encontra o outro.
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sabe aquela coisa do ‘é impossível ser feliz sozinho’? então, é isso.
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e isso não é nada romântico.
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terça-feira, 20 de maio de 2008

nome próprio, de murilo salles



fidelidade só existe no dicionário e no discurso do padre. talvez nem no dicionário já que a ‘palavra’ é por si só infiel. bom, falei isso por causa do filme nome próprio, que assisti sábado, às 0h. não que o filme trate da fidelidade, mesmo porque não há como definir o assunto abordado no filme. blogue, relacionamentos, amizade, paixão, sexo. tudo isso junto.


nome próprio (dirigido por murilo salles, baseado na obra da clarah averbuck, com roteiro de elena soárez) é um filme bom. tem lá suas falhas e exageros (acho que vi um dedo na frente da câmera naquela cena em que camila se afoga no mar... seria do cameraman? ou foi uma visão minha?), mas eu gostei bastante. talvez porque goste bastante de blogues.


explico: camila (leandra leal), a personagem principal do filme é uma blogueira compulsiva. precisa tanto de blogue quanto de sexo (e como precisa!). usa o blogue pra falar de suas experiências, pra reconquistar o namorado traído, pra conseguir lugar pra morar, etc. pra uns isso pode parecer estranho, mas não pra camila, que parece viver em outro mundo.

quer ser escritora, mas nem sabe que já é...




é também por causa do blogue que conhece daniel (gustavo machado), um cara com quem troca e-mails e só vai conhecer pessoalmente quando o filme está acabando. gracias a dios, ela não fica com ele no final porque seria muito clichê.


é fast-food. filme de uma personagem só.


cheio de referências (fante, buckowski, leminski, londres...)


não é uma história real (apesar deste ter sido o primeiro nome do filme) mas tem um monte de camila por aí. inclusive a do filme não tem muito a ver com a do livro. e a minha, é essa: linda, apaixonada, egoísta, visceral e infiel (aos outros, não à ela). não é uma heroína, nem um exemplo, mas muita gente vai se identificar.


é isso. quer dizer, não é só isso, mas é só que tive tempo pra escrever.




ah1: sim, li dois livros da clarah averbuck (vida de gato e máquina de pinball). depois falo sobre.


ah2:encheu esse papo de ‘o filme não é meu, é do diretor’. ok, nós já entendemos, pra quê tanta justificativa?


ah3: assisti ao filme na segunda das nove exibições especiais de pré-estréia, parte da ‘estratégia’ de lançamento. se ficar ligado no blogue dele, vai saber quando é a próxima...


ah4: além do blogue, tem perfil no myspace (também, parte da estratégia....)


ah5: downloudeie o livro máquina de pinball aqui e a primeira versão do roteiro de nome próprio, aqui.


ah6: faça um trailler para o filme clicando aqui.


ah7: a frase que ficou na cabeça: escrever é mais importante que morrer.


fui.
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sexta-feira, 16 de maio de 2008

dieta fracionada

semaninha agitada essa, viu!

mas foi uma semana boa. claro, não estou na china, não fui perseguido por ser cristão, não fui jogado da janela, não estou com dengue, não saí com travesti.

bom. não sei se isso é ser egoísta, mas infelizmente não vou conseguir resolver os problemas do mundo... então... vamos ao diarinho (em tópicos, para não cansar os 70 leitores deste blogue que, devido à falta de atualização, devem ter sobrado uns 2 ou 3)

*"você está com um pé na diabetes", foi o que a médica disse. isso significa que se continuar assim, em menos de 1 ano vou ser um diabético. como não quero, começo então com uma dieta fracionada, seja lá o que isso for.

* em junho começo a fazer produção de um programa de rádio fm. o que ganho com isso? experiência, só.

* meu projeto de mestrado tá quase fechando. sim, porque no começo do ano eu tinha uns 12 temas pra seguir e agora tenho 5. até agosto preciso decidir, procurar um orientador e, se tudo der certo, começar em 2009.

* como disse o carlitos no blogue dele, tem tanta coisa chata acontecendo no mundo, que não dá ânimo nenhum de ficar entrando em blogue e escrever. mas aí penso que essas coisas são 'normais' e sigo. é horrível isso. o mundo tá cada vez pior. e eu faço parte disso tudo.

* vários eventos bacanas acontecendo e, sinceramente, não fico chateado por não poder participar de tudo ao mesmo tempo. não quero. não mesmo. não vou me descabelar pra fazer todos os cursos do mundo, pra ver todas as peças e pra ver todos os filmes, encontrar todos os amigos...

* posso ser 'out' um pouco? posso não comentar sobre o último filme que vi. posso não ir naquela pré-estréia concorrida? posso?

* obs. ser 'out' não é estar estar 'off'

* contraditorium === >>>> a onda agora é twittar. me follow ++++ >>>

* contraditorium II [eu quero ver macy gray, joss stone, sepultura, proveta, voltar pro circo, voltar pro teatro, voltar pro cinema, ver a estréia de nome próprio, ver a peça nova do oficina, fazer outra pós, etc]

* e esse bossa nova na garoa, que acontece domingo, será que é legal?

* e o banquete antropofágico do teatro oficina, será que é legal?

* e o batismo lá na igreja. por que eu não estou animado com isso?

* e o maio de 68?

* aaah, fui criticado porque não vi a entrevista no fantástico com a mãe daquela menina que morreu... quantas meninas morreram na china esta semana? você sabe?

* preciso trabalhar mais.

alguém aí quer me pagar para eu escrever em blogue?
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quarta-feira, 7 de maio de 2008

gracias por sus libros, julio cortázar



não adiantou. nem os amigos, nem os críticos, nem os jornais, os entendidos, as livrarias, a universidade. todos me indicaram julio cortázar. e eu não dei ouvidos. ao contrário de caras como o saramago ou o gabriel garcia marquez (que li por insistência e agora gosto muito), do julio eu preferi manter distância. mas é aquela coisa, quando é pra ser, é. e agora é pra ser. e agora ele é o cara que leio nos intervalos e percursos. mas quando foi mesmo que me interessei por ele? ah, sim, foi lá na frança, no cemitério do montparnasse. entre as dezenas de personalidades famosas enterradas ali, está o julio. difícil de encontrar, o túmulo é simples, de mármore e, diferente dos outros famosos, não tinha bonecos, cartas, fotos... tinha apenas alguns passes de metrô, bilhetes e umas flores vermelhas. o que me chamou atenção foi uma frase escrita no próprio túmulo: gracias por sus libros.


quem escreveu isso não queria apenas elogiá-lo, mas agradecer pela obra. então fico imaginando que livro foi e qual impacto um livro pode causar na vida de alguém, a ponto de agradecer no túmulo. ok, não vamos discutir se é ou não vandalismo pichar um túmulo, nem se o julio vai ler aquilo, já que está morto, mas o fato é que achei isso muito bacana e por isso fui atrás de alguns livros dele.


atualmente leio histórias de cronópios e de famas, que já me disseram que não é lá uma de suas melhores obras. não importa. não sou crítico literário, nem nada. mas digo que estou realmente embasbacado com esta leitura. tardia, é verdade, mas como disse lá em cima: quando é pra ser, é.

deixo aqui um trecho de entrevista que achei no youtube falando deste livro e um comentário de um amigo que tem tudo a ver com este post.






"não concordo com a definição de que literatura é um cânone selecionado por um grupinho de especialistas. literatura é o que fica. literalmente, letra que perdura. não como as fotografias que ficam amarelas, ou os filmes que ficam datados nas roupas, nas falas, nos modos de interpretação e ritmos, tudo se convertendo 'registro do passado'. os livros são atos e pensamentos que permancem vivos e se renovam a cada leitura, enquanto nós, viventes, vamos todos para o esquecimento" eat
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