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segunda-feira, 30 de julho de 2007

querô, o filme





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a primeira impressão que tive ao ver o início do filme, com estréia prevista para setembro, foi a de que seria uma espécie de carandiru versão adolescente (inclusive com alguns atores que participaram dos dois filmes). no decorrer da exibição esta impressão não se desfez.

o filme é baseado no livro de plínio marcos (querô, uma reportagem maldita) e conta a história do garoto cuja mãe, prostituta, suicidou-se ao tomar querosene. ele foi criado na zona portuária de santos pela dona do prostíbulo em que a mãe trabalhava, mas acaba se envolvendo com o crime. é preso. lidera uma rebelião e foge. após a fuga, é 'adotado' por uma senhora evangélica e se apaixona pela sobrinha do pastor.

por um momento achei que o garoto ia mudar de vida após conhecer a garota. ele também achou. conseguiu emprego, comprou roupas novas, ficou até mais bonito. mas o 'caminho do mal' parecia estar no sangue de querô, como uma coisa incontrolável, que nada, nem família, nem religião, nem mulher, poderia fazê-lo mudar.

desta vez não é a violência do rio, nem de são paulo a retratada e sim, de santos. a maioria dos atores adolescentes veio de regiões pobres do litoral paulista, numa ação parecida com a que fez o pessoal do cidade de deus, com as oficinas de interpretação do grupo 'nós do morro'. as atuações de maria luisa mendonça, milhem cortaz, eduardo chagas, angela leal e ailton graça engrandecem o enredo, mas não há como não destacar o trabalho de maxwell nascimento, que interpreta querô.

apesar de não trazer nenhuma novidade, o filme é bom e gera reflexões que vão além de questões sobre violência. o abandono pela mãe, por exemplo, e o descaso da febem (hoje fundação casa) podem ser tratadas como possíveis causas de uma vida como a de querô.

mais sobre querô aqui.
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