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terça-feira, 19 de junho de 2007

tatiana belinky

[tatiana belinky é a principal responsável pelas primeiras adaptações do sítio do pica-pau amarelo para tv, em 1952. michele prado é uma amiga jornalista que adora literatura infantil, arraiás e quadrinhos. e foi ela que, atendendo a um pedido meu, escreveu este belo perfil da tatiana]


era uma vez

Quando pisou em terra firme e, pela primeira vez, os olhos passearam pela paisagem tropical do Brasil, acreditou estar numa "Cucanha", terra imaginária com "enorrrmes palmeiras" de "enorrrmes folhas" e cachos de banana. Até então, não conhecia o fruto em penca. Na Rússia, dividia milimetricamente com os irmãos a única banana que o pai levava para casa. Sempre gostou do sabor acre. Não precisa de chocolate para ser doce.


Aficionada por línguas e história desde que aprendeu a ler, com seus tenros 4 anos e meio, encontrou nas artes e na literatura sua grande paixão. Leu Jeca Tatu no verso de um folheto do Laboratório Fontoura e pronto! Encantou-se de cara. Prontamente, tratou de ler toda a obra de Monteiro Lobato. Queria ser bruxa, mas foi só conhecer Emília para mudar de idéia.

A criança que maravilhou-se com o mundo das palavras cresceu, mas só por fora. Conheceu Júlio Gouveia, psicólogo e psiquiatra, amante das manifestações artísticas, assim como ela. O casal tinha tanto em comum que até chegaram a ser interrompidos, na Praça Buenos Aires, quando um guarda interpelou: "Vocês são namorados mesmo? Nunca vi namorados que só falam...". Afinidades reveladas, "casaram-se duas bibliotecas".

"Anti-tiete" não queria conhecer seus autores preferidos, temendo que tivessem "nariz empinado" e acabasse o encanto. Mas, por força do acaso, num belo dia Lobato ligou em sua casa, curioso por conhecer seu marido Júlio. Assim que atendeu ao telefone e ouviu o interlocutor dizendo quem era, não acreditou, respondendo prontamente: "Ah, tá! Eu sou o Rei Jorge!".

Hoje, aos 88 anos, ainda mantém vivinha a criança que foi no passado, um "feixe de influências". É "tecnofóbica", "os dedos não encontram as teclas", mas também, nem precisam... As mãos gesticulam, falam por si só. Escreve apenas sobre o que gosta e tem horror ao politicamente correto. Vê as histórias infantis como um treino para as emoções vida afora. Tatiana ama. Belinky encanta. Já passou da marca dos 100 livros publicados. Deve ser culpa de algum Pó de Pirlimpimpim.

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[mais michele, aqui]
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