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quarta-feira, 7 de agosto de 2013

o vilão, o facebook. de novo.

fato é que muita coisa mudou depois daquela residência artístico-literária ano passado. dormir na mesma cama do caio fernando abreu, folhear livros rabiscados pela hilda, ouvir roedores no telhado em dia de tempestade em um confinamento voluntário foi, no mínimo, inesquecível. o que era pra ser apenas um tempo de produção com prazo apertado tornou-se reflexão intensa, festas memoráveis, hedonismo, saudade, leitura e, claro, escrita. mas o que me intriga é a questão do tempo, da pressa, da vida.

muitos têm falado que sumi, sobretudo após minha saída do facebook. não imaginava que seria algo assim tão perceptível ou que causaria tanto espanto. porém, o que causa tal surpresa nos outros causa em mim medo, surpresa e até tristeza. não era pra ser tão drástica a falta de participação em uma rede social de uma empresa na internet. mas como tudo na vida, a gente se acostuma.

eu não sumi, pelo contrário. estou mais do que nunca em todos os lugares. conhecendo gente, trocando mais telefone e emails, pesquisando, trabalhando, namorando. estou ali por campinas, por são paulo, pelas ruas da república, augusta. preparando a qualificação e a defesa. visitando exposições, assistindo a shows e filmes, muitos filmes. lendo livros, participando de eventos, dançando.

não sinto - pelo menos até agora - falta de colegas mostrando como suas vidas são maravilhosas, como suas viagens são as melhores, suas fotos são as melhores, seus empregos são os melhores. ainda não deu tempo de sentir falta de fotos de pratos deliciosos, de gatos fofos, de indiretas que se resolveriam com bom olho-no-olho.

entretanto tenho perdido algumas coisas pois tem gente que ainda não se deu conta de que existe vida fora do facebook. que eventos podem ser divulgados por email, que notícias podem ser lidas em jornais,  que encontros podem ser marcados por telefone, que contatos podem ser mantidos em uma agenda (telefônica ou até mesmo de papel!).

o engraçado é que os mesmos que se espantam comigo por não ter "face" acham normal ter um aplicativo como o grindr, que serve para pegação entre gays e seus paus à mostra. não uso por motivos óbvios de que não estou à procura de pegação, mas pelo pouco que me conheço, não usaria mesmo se quisesse algo. será que os caras esqueceram que existem outras formas de conhecer pessoas, como por exemplo a mais tradicional delas que é se apresentar? será que

pois é, amigos, parece que o futuro chegou mesmo e não gosto dele. daqui um tempo sei que volto ao facebook e verei as mesmas coisas de sempre. admiro aqueles que conseguem manter a conta e ainda assim, viver. mas sinto pena dos que passam horas em frente aquela tela azul e esquecem que a vida é mais que isso.




2 comentários:

Anônimo disse...

As infinitas lições de moral. Evolução? Maturidade?

Caio Salgado disse...

Sei que a postagem é antiga, mas espero que mantenha-se forte sem Facebook e Grindr. É stagnante a porcentagem da nossa geração, na nossa cultura que não sabe viver sem estas ferramentas. Fiquei feliz em postar sem uma conta Google/Facebook/Twitter, por sinal! Vejo tantos blogs, coitados, que não devem fazer idéia por que ninguém deixa recado, já que para eles essas contas são a chave para usar essa tal de Internet...
Espero que mesmo que tardia esta mensagem seja lida, salvo apenas por estar fazendo coisas da vida. Espero que não desista da blogosfera e volte a gastar seu tempo subindo e descendo as mesmas (ou será que são novas?) notícias irrelevantes do Feice.

Abraços!