eu grito pra minha mãe, pro meu pai e pra você.
grito pra mim mesmo, pro papa, pro bispo
pro céu, pro inferno, eu grito
grito porque não basta mais o choro, a vela, a fala,
o ódio, o consolo
o asco, o nojo,
eu grito pelo cansaço,
pelo ar que me falta e salta do nó
na garganta, o ar que engulo e volta
não há mais revolta, nada, nada
eu grito porque a esperança acaba
a luz apaga,
e meu grito - que a mim mesmo cala,
perde-se no ar
pois nem mesmo ele,
o grito,
basta.
.
e eu grito em vão.
.
3 comentários:
Adorei a poesia.Escrevi algo parecido com isso a um tempo atrás.Parabéns.Abraços querido.
Isso me lembrou uma música do Legião Urbana "disseste que se tua voz tivesse força igual à imensa dor que sentes, teu grito acordaria não só a tua casa, mas a vizinhança inteira".
Achei lindo.
Eu ando mudo.
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