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sexta-feira, 4 de junho de 2010

ana cristina césar ou o dia em que ela ancorou seu navio no meu espaço


começo este texto da mesma forma que paulo josé começa a peça um navio no espaço ou ana cristina césar: "meu primeiro contato com ana cristina césar..." foi tarde, há EXATAMENTE um ano, e li o seguinte verso:

"Preciso voltar e olhar de novo aqueles dois quartos vazios"

eu pensava... que quartos são estes? por que voltar? pra que olhar? por que estavam vazios, se é que de fato estavam vazios. por que saiu se sabia que uma hora precisaria voltar? pra que olhar de novo aqueles dois quartos?

enfim. dei uma lida em outras coisas dela e um pouco de sua biografia até saber que tinha se matado.

então hoje, no sesc santana, eu passei por um momento tão especial em arte, que tal sentimento só se assemelha quando vi dançando no escuro, do lars von trier. lembro que fiquei minutos e minutos em frente à tela de cinema, sem ação. hoje, meu coração parecia que ia saltar para o palco, tamanha a proximidade e força com que palpitava.

o espetáculo é fantástico, daqueles que você nem vê o tempo passar. a atuação de ana kutner supera até a de seu pai, paulo josé, que dá um show de direção. a luz, a música, a poesia, os videos, tudo casado e ritmado com o texto da maria helena kühner.

diferente da chatíssima clarice que vi semana passada, o texto desta peça está extremamente equilibrado, ora contando fatos de sua vida pessoal (como o trabalho na tv, a temporada em londres, as angústias particulares) ora citando trechos de sua obra (aqueles mais densos... e quais não são?)

e o que dizer das referências? quem mais consegue juntar francis bacon, torquato neto, heloisa buarque de holanda, caio fernando abreu, bandeira, the doors? e aquele final que cita t.s eliot com the end is the beginning is the end...?

bom, acho que já deu pra passar o recado. ana c. é sensacional e quem quiser ter o prazer de sua literatura, tão angustiante e verdadeira, mas que se faz necessária neste mundinho urgente de gente fake, procure seu livro "aos teus pés".

enquanto isso, eu que não tenho nada a dizer - e por isso me prolongo neste texto que poderia ter sido escrito em uma linha - não vou escrever mais nada.

mas
nada
vou
escrever

.

[está em cartaz no sesc santana até domingo. fujam pra lá agora!]

.

5 comentários:

Ana... disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ana... disse...

Simplesmente eu, Clarice.Como assim chata? O mundo inteiro fala tãoooo bem e eu quase me suicidando pq não consegui ver? Ai meu Deus do céu!!!(rsrs)

Se soubesse a gulodice por teatro.Meu-santo-dos-prazeres! Não saio de casa para ir ao cinema, é raro, muito raro. Prefiro esperar, alugar, comprar (pirata) e ver em casa.Em compensação teatro... Eu vou toda trabalhada na elegância!(risos)


Agora tentada a comprar o livro!

Robson Schneider disse...

O lance do quarto é meio "Eu quis o perigo e até sangrei sozinho, entenda ..."

Abraço

Cleyton Cabral disse...

Louco pra asiistir. Desde que li a matéria do Paulo José na Bravo. E agora, mais ainda. abs,

Cleyton Cabral disse...

aSSistirrrrrrr.