Páginas

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

.
.
.
ele a questionou sobre o porquê das relações modernas estarem tão superficiais, sobre a vida em comunidade retratada na bíblia, no livro de atos, sobre o desperdício de energia na torre eifel, em paris, sobre os ovos de chocolate vendidos na páscoa e a ilusão hereditária das crianças em acreditar nos coelhinhos e no papai-noel, e de tanto dinheiro gasto com presentes de aniversário, presentes de natal, presentes do dia dos namorados, presentes do dia dos pais e das mães, quando na verdade o que ele queria era um abraço e que ela o olhasse nos olhos, que ela o beijasse e esquecesse por um minuto da escova progressiva que faria no dia seguinte, do sapato alto de cor rosa igual da prostituta da novela e da promessa que ela tinha de pagar em aparecida do norte porque conseguira emagrecer quinze quilos em quinze dias, seguindo o conselho da revista e parasse de criticá-lo por criticar tanto os prazeres proporcionados pelos presentes, pela vontade de ficar bela e por acreditar nos coelhinhos ou na aparecida, mas sabia que na verdade, tudo o que ela fazia era para ele e, para ele, nada disso importava, nem mesmo o beijo, o olho no olho ou os presentes de natal porque o que ele queria era a outra.
.
.
.